Com reajuste estimado em 12%, aumento de planos de saúde podem reduzir usuários na Capital

COVID
Foto: Agência Brasil

O reajuste dos planos de saúde, previsto para maio, deve ocorrer entre 10% e 12%, conforme indicam análises prévias do setor.  Na visão do presidente da Comissão de Saúde Suplementar, da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Mato Grosso do Sul), o advogado Cleber Tejada, a situação pode acarretar em queda na adesão do serviço de saúde, em Campo Grande, por exemplo. “Esse percentual estimado está dentro dos estudos de impacto da inflação da saúde e novas incorporações do último ano. É provável que haja uma queda no número de contratos ativos, em razão do momento econômico que estamos vivendo”, pontuou.

Ainda de acordo com o advogado, os planos para pessoas físicas têm o reajuste fixado anualmente pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), enquanto planos para pessoa jurídica são alterados, de acordo com os cálculos atuariais, sendo este de acordo com cada contrato. “Além das mudanças anuais existem também os reajustes por faixa etária, que são aplicados de acordo com  a idade dos beneficiários.” Há dois tipos de reajustes para o serviço de saúde, o por faixa etária, que está discriminado entre os 19 a 24 anos; e de 25 a 29 anos, e assim sucessivamente, até os 59 anos. Acima de 60 anos não existe mais reajuste por faixa etária. O segundo é o reajuste anual, que ocorrem na data de aniversário de cada contrato sem levar em conta as faixas etárias. 

 

Reflexo

Usuária de um plano de saúde há mais de 15 anos, a autônoma Adriana Brito da Silva, de 36 anos, relata que manter o benefício já não é mais possível, para a família. “Com o aumento dos últimos anos, não só do plano de saúde, mas do custo de vida, fui obrigada a cancelar o serviço.”

Moradora de Campo Grande, ela também destaca que o custo benefício também já não era o mesmo, citando que, em muitas situações, não conseguiu agendar consultas. “Não sei se a demanda cresceu, porém, muitas foram as vezes que não tinha vagas para alguns especialistas. Sem falar nas emergências lotadas, que até se igualam ao serviço público. Sendo assim, melhor ir pelo gratuito, que está dando na mesma”, revelou. 

Confirmando o peso no bolso do consumidor, o economista Enrique Duarte aponta os sucessivos aumentos ocorridos nos planos de saúde, no Brasil, nos últimos cinco anos. “Verificamos que houve os seguintes reajustes anuais, por meio da ANS: em 2018, ficou em 10%, 2019, de 7,35%; 2020, em 8,14%; 2021, o percentual apresentou queda de 8,18%; 2022, o registro foi de 15,50%, o maior registrado”, detalha o economista.

Ao realizar análise do cenário, o especialista aponta que a forma como se procede o reajuste dos planos de saúde é a combinação dos seguintes índices: IRPI (Índice de Reajuste dos Planos Individuais), com o IVDA (Índice de Valor das Despesas Assistenciais) e o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). “Este último mede a inflação registrada no país, em cada ano. Assim, o método é o seguinte: 80% de peso do IVDA + 20% do IPCA.”

Ao comparar a inflação registrada no país nos anos referidos, de 2018 a 2022, verifica-se que os planos de saúde tiveram aumentos maiores que o IPCA, índice que mede a inflação na economia do país. “Para o ano de 2023, as projeções apontam para a elevação superior dos contratos individuais do reajuste dos planos de saúde que está entre 10% a 12%, enquanto a inflação projetada pelo boletim Focus do Banco Central do Brasil está em 6,05%, isto significa que o reajuste previsto se encontra quase o dobro da inflação, na economia do país, para este ano”, cita o economista. 

 

Por Evelyn Thamaris – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul.

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