Com os combustíveis caros, encher tanque se torna realidade distante

Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Com o preço do litro do combustível nas alturas, encher o tanque do carro em Campo Grande não é mais opção vantajosa entre os motoristas que usam do veículo para se locomover pela cidade. Em apuração realizada pelo jornal O Estado nos postos da Capital, outra realidade foi constatada: abastecer com etanol deixou de ser a alternativa mais acessível. Tendo maior ou menor gasto com a gasolina, por exemplo, o consumidor teve de se ajustar às altas constantes no preço do derivado do petróleo.

As mudanças incluem, além de gastos acima dos anteriores, não pegar mais o carro para sair ou parar de completar o volume no tanque do automóvel, como é o caso do Rogério Rocha, técnico de ar-condicionado. “Está sendo assustador, porque eu sempre enchia o tanque e agora tenho de abastecer diariamente, porque eu preciso usar o carro. Por dia, eu gasto de R$ 50 a R$ 70. Na semana, dá cerca de R$ 400. E eu sempre coloco gasolina. Entra governo e sai governo, e nada muda. Fazem paralisações, mas as coisas voltam à normalidade”, disse Rocha.

A opinião de não encher o tanque também é compartilhada por Brenda Maria, servidora pública, que afirmou já ter incluído em seu orçamento o aumento do preço da gasolina. “Eu não encho o tanque. Geralmente, deixo o volume do combustível do carro na metade da capacidade. E agora, eu estou tendo de gastar mais, porque voltou o ritmo do trabalho.” “Todo mundo está se locomovendo. Já até coloquei no meu orçamento esse novo gasto, porque eu não estou andando menos. Outra situação é que não está mais compensando abastecer com etanol. No meu carro ele gasta mais, evapora”, comparou Brenda.

Para ela, ainda houve a possibilidade de elevar suas despesas. Realidade contrária à do autônomo Lucas Nobre. “Infelizmente, eu tive de diminuir muito o meu consumo. Estou evitando sair de casa, faço isso mais de moto, porque carro não dá. Para poder ir ao trabalho, eu gastava cerca de R$ 6 ou R$ 7 de gasolina, por dia. Agora, se eu for usar o carro, esse gasto vai para R$ 12 diariamente”, revelou Nobre. Para outros, a oscilação dos valores nas bombas é o que motiva a não pagar o preço por 41 litros de abastecimento no carro. “Antes, para encher um tanque se gastava aproximadamente R$ 130. Agora, custa cerca de R$ 270. Normalmente, eu não encho o tanque por causa das altas. O contrário não compensa, porque logo tem que abastecer de novo. E o combustível é algo que puxa muita coisa, como os preços dos alimentos”, explicou Ailton Rodrigues, cirurgião-dentista.

Etanol x gasolina

Numa comparação entre o etanol e a gasolina, o percentual atual da diferença de preço entre os dois combustíveis está em 78,64%. Segundo o gerente do posto Kátia Locatelli, Ciro Junior, o biocombustível tem de custar 70% menos que a gasolina para que o consumidor saia ganhando. De acordo com Junior, o movimento no local não caiu, diferentemente do que ocorreu com o volume abastecido pelo cliente. “Não houve diminuição na quantidade de atendimento, mas o volume de abastecimento está caindo. E a nossa margem está reduzindo, estamos trabalhando com margem menor. O custo tem aumentado.”

Variação dos preços

Nesta semana, o preço médio da gasolina em Mato Grosso do Sul ficou em R$ 6,18, com mínimo encontrado por R$ 5,87 e máximo por R$ 6,66. A alta foi de R$ 0,18 em relação ao preço praticado no início do mês. Já em Campo Grande, o custo médio do litro está sendo vendido a R$ 6,16, com mínimo de R$ 5,87 e máximo de R$ 6,39. O etanol teve valor médio de R$ 4,84 no Estado, com preço mínimo de R$ 4,65 e máximo de R$ 5,37. Na Capital, o preço médio do combustível está em R$ 4,78. Já o menor valor encontrado foi de R$ 4,65 e o maior de R$ 4,99.

Texto: Felipe Ribeiro

Confira outras notícias aqui, em nossa versão digital

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *