A doação de órgãos é um ato de amor que pode salvar vidas, mas é preciso autorização da família para que o procedimento seja realizado. Na Santa Casa de Campo Grande, de janeiro a novembro deste ano, apenas 24 pessoas autorizaram a doação de órgãos e, o hospital destaca a importância do diálogo com a família.
Das 101 notificações de morte encefálica registradas no hospital, 49 famílias foram entrevistadas, mas apenas 24 delas autorizaram a doação. Neste período das doações, foram captados 40 rins, 13 fígados e quatro corações.
Pela legislação brasileira, não há como garantir efetivamente a vontade do doador, no entanto, observa-se que, na grande maioria dos casos, quando a família tem conhecimento do desejo de doar do parente falecido, esse desejo é respeitado. Essa é a modalidade de consentimento que mais se adapta à realidade brasileira. A previsão legal concede maior segurança aos envolvidos, tanto para o doador quanto para o receptor e para os serviços de transplantes.
Segundo a Drª Patrícia Berg, médica coordenadora da Organização de Procura de Órgãos da Santa Casa, a questão da recusa familiar ainda é um grande entrave no processo de doação de órgãos e tecidos nacionalmente. “É de extrema importância o diálogo com a família em vida. Sabemos que falar da morte não é um assunto agradável, mas necessário, principalmente se a pessoa tem interesse em ser um doador”, explica.
Atualmente a Santa Casa possui habilitação para captação de coração, rins, fígado e córneas. E de transplantes apenas para coração, rins e córneas. Uma das maiores demandas por transplantes na Instituição é o renal, e com o último procedimento realizado no dia 11 de novembro deste ano, já foram realizados 10 transplantes renais, sendo 9 com doador falecido e um com doador vivo.