Região Centro-Oeste sofre com maiores altas no preço da gasolina e diesel já neste ano de 2025
O início de 2025 tem sido marcado por um cenário turbulento, com a alta nos preços da gasolina e do etanol. Na primeira quinzena do ano, houve uma elevação de 0,16% nos preços da gasolina em comparação com a primeira semana de dezembro de 2024, alcançando R$ 6,30 por litro. O etanol, por sua vez, apresentou um aumento de 0,47% nesse mesmo período, sendo comercializado a uma média de R$ 4,28 por litro. Essas informações foram divulgadas pelo IPTL (Índice de Preços Edenred Ticket Log), que analisa a variação de preços em 21 mil postos de combustível em todo o Brasil.
Ainda de acordo com a pesquisa, a região Centro-Oeste registrou as maiores altas para ambos os combustíveis: 1,20% para o etanol, chegando ao preço médio de R$ 4,23; e de 0,96% para a gasolina, que teve preço médio de R$ 6,34 na região. Com a maior alta sendo registrada no Distrito Federal, onde o combustível chegou a R$ 6,24 após aumento de 2,30%.
Os aumentos nos preços estão atrelados à defasagem em relação aos preços do mercado internacional, fazendo com que a Petrobras promova reajustes tanto na gasolina e do óleo diesel. Além da influência pelo aumento anual da base de cálculo do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), cujos efeitos serão sentidos pela população a partir de 1º de fevereiro. A alíquota aplicada a gasolina e ao etanol será elevada em R$ 0,10 por litro, enquanto o diesel terá um acréscimo de R$ 0,06.
O economista Eduardo Matos, explica que esse aumento observado no início deste ano ainda está relacionado à sobrevalorização do dólar e à desvalorização do real, ou, na realidade, a ambos os fatores, que é o que tem ocorrido nos últimos tempos. No entanto, a partir de fevereiro, o impacto desse aumento deve ser ainda mais significativo, devido à nova alíquota do ICMS. “No caso dos combustíveis fósseis, a variação é fortemente influenciada tanto pela cotação do dólar quanto pela alíquota do ICMS. Já os biocombustíveis, devido à grande produção interna no Brasil e à pouca ou nenhuma dependência de fatores externos, não sofrem tanto com essas oscilações no mercado internacional de insumos. Portanto, os combustíveis fósseis são os que mais sentem o impacto dessas flutuações”.
Em relação a Capital do Estado, Eduardo ressalta que por ser um centro logístico, a tendência é sofrer menos com os impactos do que no interior. “Quando comparamos diretamente Campo Grande com o interior do Paraná, que geralmente apresenta preços mais competitivos, a Capital de Mato Grosso do Sul ainda se destaca, mantendo-se, guardadas as devidas proporções, relativamente barata em comparação com o interior. No entanto, ao compararmos o interior de Mato Grosso do Sul com o interior do Paraná, é possível perceber as dificuldades do estado em manter preços competitivos para os combustíveis”.
Para ele, Campo Grande ainda não sente tanto esse impacto, justamente pela sua posição estratégica. A cidade recebe muitos competidores e, como todos os combustíveis que seguem para o interior passam inevitavelmente por aqui, os preços acabam sendo mais controlados. Isso ocorre porque todas as rodovias que conectam o interior ao restante do estado passam por Campo Grande, especialmente as que vêm de centros produtivos e distribuidores de combustíveis. “A Capital tem diversas vantagens competitivas que impedem que os preços dos combustíveis se elevem tanto, como ocorre no interior do estado e em outras regiões do Centro-Oeste, bem como em estados com preços mais competitivos, como o Paraná”, afirma o especialista.
Consumidor
Decisões como o aumento nos preços dos combustíveis impactam diretamente a vida de todos os trabalhadores, desde aqueles que dependem do transporte para se deslocar até o trabalho, até os profissionais que atuam com entregas.
O entregador, Diego Nonato destaca que, com os constantes aumentos nos preços dos combustíveis, a tendência é que as pessoas utilizem menos seus veículos. “Isso só torna o dia a dia do trabalhador mais difícil. Hoje em dia, tudo só aumenta, nada diminui, e a situação vai piorando. Fica cada vez mais difícil controlar os gastos, e o carro acaba ficando mais tempo na reserva”. Ao todo, Diego gasta uma média de R$ 100 reais por semana, seja com o uso de álcool ou gasolina como combustível, no fim do mês mais de R$ 400 reais são investidos para abastecimento do carro.
Com gastos semanais de R$ 400 reais para abastecer os carros, o proprietário de uma empresa de caça vazamentos, Daniel da Silva Ferreira reforça as dificuldades em cobrir os custos does veículos e ao mesmo tempo pagar as outras contas de casa. “Percebo um aumento relativo nos preços, oque acaba dificultado o nosso dia a dia. Hoje, já não consigo mais completar o tanque como antes. Fica difícil, porque você abastece o carro e acaba deixando de comprar outras coisas para a casa. É um gasto a mais que pesa no orçamento”.
Há pessoas que acreditam que o aumento neste começo de ano não seja tão relevante quanto em períodos anteriores, mas que ainda afetam a população. O empresário, Marcílio Mascarenhas Baioni explica que não percebe tanto esse aumento nos preços, mas que entende como essas alterações afetam os trabalhadores. “O combustível está diretamente relacionado a diversos aspectos do cotidiano, como o transporte de passageiros, o transporte coletivo e a distribuição de mercadorias e alimentos. Ele impacta diretamente a economia e o custo de vida do cidadão”. Marcílio gasta por mês quase R$ 2 mil reais em combustível para seus veículos.
Visão do Sindicato
Para o gerente executivo da Sinpetro/MS (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo e Lubrificantes de Mato Grosso do Sul), Edson Lazaroto, todo o reajuste de preço seja de qualquer segmento de economia, impacta diretamente no consumidor. “O próprio comércio em determinados períodos do ano, mesmo recebendo produtos reajustados, são obrigados a reduzir suas margens de lucro para terem competitividade no mercado, que é extremamente acirrado nos diversos setores do comércio, em especial a dos combustíveis”.
Já em relação à região Centro Oeste, o gerente executivo afirmou que as últimas alterações nos preços não afetou o Estado de forma significativa, e que o preço na Capital se mantém como um dos menores entre as capitais. “De acordo com pesquisas da ANP da última semana de 2024 e da primeira de 2025, até o dia 11 de janeiro, as alterações foram irrelevantes, e até o momento não foram sentidas no nosso Estado. Importante sempre frisar que em nosso Estado e principalmente na Capital, os preços dos combustíveis são considerados os menores no da região e de muitas capitais do Pais, há vários meses”.
Edson destaca que os reajustes nos preços não são definidos pelo Governo Federal, mas pelas distribuidoras. “São as distribuidoras, especialmente as de etanol, que determinam esses reajustes, considerando diversos fatores como a cotação internacional do petróleo, o mercado do açúcar, os custos de produção, transporte, além dos impostos estaduais e federais. Com isso, sempre que ocorre um aumento no preço do etanol, ele acaba refletindo diretamente no preço da gasolina”.
Por João Buchara