Especialistas projetam menor PIB e poder de compra
O custo efetivo da tomada de crédito pelo consumidor sul-mato-grossense aumentou 36% desde ontem. A alta decorre da recente medida anunciada pelo governo federal em elevar as taxas relacionadas a operações financeiras. Na prática, o consumidor não terá impactos somente no uso de serviços como empréstimos ou cheque especial. O consumo em geral também deve ser afetado.
Conforme análise de especialistas, a medida pode influenciar indiretamente na aquisição de produtos e serviços, de vez que muitas atividades econômicas dependem da realização de contratação de recursos bancários. Para a economista Ariane Benedito, da CM Capital, o consumidor acaba sofrendo mais uma vez com a decisão do governo, justamente em um período de alta inflação.
“Estamos vivendo um período de recuperação da pandemia e as empresas, por exemplo, precisam de fluxo de caixa para funcionar e, para isso, tomam crédito nos bancos. É aí que o IOF (Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários) incide e a obtenção de crédito vai ficar mais cara.”
“Nós já estamos passando por um período inflacionário e, consequentemente, esse aumento de custo no fluxo de caixa do comerciante também será repassado no produto que ele comercializa”, explicou. Ariane ainda destaca que os fenômenos consequentes dessa elevação podem acarretar na queda do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro.
A gente tem a queda de renda das famílias, temos uma inflação que corrói o poder de compra, o que diminui o consumo e causa a queda no PIB. Por isso as projeções para 2022 são menores. O que ocorreu agora é o encarecimento do custo das operações financeiras, dificultando o consumo e impactando a atividade do nosso país”, ressaltou.
Aumento do IOF
O aumento das taxas incidentes sobre operações financeiras foi anunciado pelo governo federal na semana passada e já está valendo em todo o país desde ontem (20). As alterações no IOF abrangem duas alíquotas: a diária e a anual. A primeira, que era de 0,0082% para pessoas físicas, agora passa a valer 0,01118%. Essa alta corresponde a um aumento de 36%.
Já para pessoas jurídicas, a alíquota sai de 0,0041% para 0,00559%. Na cobrança anual, pessoas físicas terão a incidência de 4,08%, e de 2,04% para pessoas jurídicas. As mudanças terão validade temporária, segundo informado pelo governo federal. As taxas terão efetividade até 31 de dezembro de 2021.
Auxílio Brasil
A justificativa do Palácio do Planalto para a adoção de tais ações na economia do país está relacionada com o custeio do programa governamental Auxílio Brasil, proposta do presidente Jair Bolsonaro para substituir o Bolsa Família. De acordo com o comunicado do Executivo, a interferência no imposto deve aumentar em R$ 2,14 bilhões a arrecadação nacional, o que abrangerá 17 milhões de famílias.
Dedé de Oliveira, economista da Fecomércio-MS, pontua que a proposição é solidária, mas afeta o empresário e o trabalhador. “Todo aumento neste momento afeta de forma negativa o consumidor, pois, subir a alíquota do IOF encarece as transações financeiras. Apesar da causa ser nobre, as transações ficarão mais caras. Isso afeta o empresário ou o trabalhador que precisa fazer empréstimo ou financiamento.”
(Texto: felipe Ribeiro)