A hidroxicloroquina no tratamento do coronavírus (covid-19) está ligada ao aumento do risco de morte em pacientes diagnosticados com a doença, conforme um estudo publicado na revista médica The Lancet.
Esse remédio, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, diz estar tomando e o presidente Jair Bolsonaro também defende o uso no tratamento do vírus.
O estudo, que monitorou mais de 96 mil pacientes hospitalizados com covid-19, mostrou que as pessoas tratadas com o medicamento, ou com cloroquina, apresentavam maior risco de morte quando comparadas àquelas que não receberam o medicamento.
Além disso, foram analisados dados de 671 hospitais, nos quais 14.888 pacientes receberam hidroxicloroquina ou cloroquina, com ou sem o antibiótico macrolídeo, e 81.144 pacientes não passaram por nenhum dos tratamentos.
A demanda por hidroxicloroquina aumentou depois que Trump divulgou seu uso como tratamento de coronavírus no início de abril. No início desta semana, ele surpreendeu o mundo ao admitir que estava tomando o comprimido como medicamento preventivo.
Também nesta semana, o Ministério da Saúde atendeu a um desejo pessoal de Bolsonaro e divulgou documento em que trata do uso da cloroquina nos estágios iniciais do coronavírus, mesmo que a própria orientação da pasta reconheça que não existe comprovação científica de sua eficácia no tratamento da doença.
Em contrapartida, os autores do estudo sugeriram que esse suposto tratamento não deve ser usado para tratar a covid-19 fora dos ensaios clínicos até que os resultados deles estejam disponíveis para confirmar a segurança e a eficácia para pacientes com a infecção.
Os pesquisadores disseram que não puderam confirmar se tomar o medicamento resultou em algum benefício para pacientes infectados pelo coronavírus.
(Texto: Izabela Cavalcanti com informações da Reuters)