Clima instável na Capital favorece infestação de escorpiões

Foto: Marcos Maluf
Foto: Marcos Maluf

[Texto: Ana Cavalcante, Jornal O Estado de MS]

Secretarias de saúde orientam como evitar a proliferação de animais peçonhentos

Calor e chuva são um dos principais fatores para a infestação de animais peçonhentos. Desde o início de 2024, a Capital registrou 806 casos de acidentes com escorpião, segundo dados da SES (Secretaria de Estado de Saúde). A região sul de Campo Grande foi a área que constatou mais acidentes, com 206 casos registrados. Conforme o Inmet (Instituto de Meteorologia), neste fim de semana a previsão é de máxima de 30 °C, sob alerta de pancadas de chuva e trovoadas isoladas para Campo Grande. Devido ao clima instável na Capital, incentiva-se aos moradores precaução e especialistas dão dicas de prevenção.

Apesar da alta incidência de acidentes com escorpião ocorrer principalmente de setembro a março, pois são meses de altas temperaturas e clima úmido. Com o início do outono, a temperatura em Campo Grande oscila e gera alerta sobre infestação de escorpiões. “De modo geral, a região que apresenta maior incidência de casos de acidentes é a do Anhanduizinho, foram registrados 206 casos. Seguido da Lagoa, com 257 acidentes. No centro, foram identificados 30. No entanto, há registros de presença destes animais em quase todas as regiões urbanas do município”, afirma a médica veterinária do Zoonoses, Kelly Godoy, especialista em animais peçonhentos.

A espécie de escorpião ‘Tityus-serrulatus’, é a mais recorrente na Capital. Típico no Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste, é conhecido por ser uma das espécies mais perigosas presente no país. “Tityus-serrulatus, especialmente grave para crianças e idosos. Um acidente com o ‘Tityus-serrulatus’ é muito grave. Se acontecer, a pessoa tem que imediatamente procurar uma unidade de saúde, já que o tempo é muito importante para estabelecer esse primeiro socorro”, explicou Kelly. Conhecido popularmente como “escorpião amarelo”, sua picada pode causar desde sintomas leves como dor, edema e vermelhidão, até situações mais complexas, como sudorese, queda de pressão, náuseas, vômito e dores abdominais.

Sintomas e precaução

Em crianças pequenas os sintomas podem ser mais intensos e as consequências mais graves. O mesmo vale para animais domésticos de pequeno porte. Na Capital, o médico veterinário Matheus Costa, relata que, frequentemente, os tutores levam seus animais ao veterinário quando percebem sinais, como mancar ou aumento de volume em alguma parte do corpo, indicando possível picada. Embora seja difícil afirmar com certeza a origem do sintoma, o veterinário enfatiza que levar o animal à clínica veterinária para avaliação é a atitude mais prudente. “Trazer o animal para a clínica, fazer fotos ou vídeos. Alguns tutores trazem até mesmo o próprio escorpião ou o animal peçonhento até a clínica para que a gente possa identificar, para definir um melhor tratamento. Mas o importante é o tutor estar atento se a moradia é próxima de terreno baldio, porque a limpeza de quintal ou residência torna-se mais essencial ainda”, destaca.

Manejo ambiental é prevenção eficaz

Segundo a Sesau, a partir do mês de abril, é esperada uma redução no número de casos, contudo, o acúmulo de lixos e a instabilidade no clima demandam atenção. “Os cuidados passam pela devida manutenção dos quintais, descarte de lixo, fazendo a vedação de ralos, frestas de muros e paredes”, recomenda a secretaria.

Já o método de prevenção, como o tradicional controle químico, não é indicado pela SES, pois algumas espécies de escorpiões são extremamente adaptadas a ambientes alterados pelo homem. “O hábito dos escorpiões de se abrigarem em frestas de paredes, embaixo de caixas, papelões, pilhas de tijolos, telhas, madeiras, em fendas e rachaduras do solo, juntamente com sua capacidade de permanecer meses sem se movimentar, torna o tratamento químico ineficaz, pois pode ocorrer dos animais migrarem para outro lugar e mais acidentes acontecerem”, explica a médica veterinária.

Os escorpiões, assim como outros animais peçonhentos, desempenham papel importante no equilíbrio ecológico como predadores de outros seres vivos, devendo ser preservados na natureza. No entanto, nas áreas urbanas, medidas devem ser adotadas para evitar a sua proliferação, por meio de ações de controle, captura (busca ativa) e manejo ambiental. “Ao encontrar o animal na residência, a orientação é para que o cidadão entre em contato com o órgão para receber as orientações. Em caso de captura, o inseto deve ser mantido em embalagem fechada com álcool. Se possível, o cidadão deve levar o animal ao órgão para identificação, para posterior rastreamento das espécies que estão incidindo naquela localidade”, recomendam.

Onde procurar atendimento ou orientação?

O Ciatox (Centro de Informação e Assistência Toxicológica) possui suporte de orientação, conduta e pode ser acionado pelos telefones: 0800 722 6001, (67) 3386-8655 ou 150. A Sesau informa que a Coordenadoria de Controle de Zoonoses disponibiliza o serviço de controle de roedores, animais peçonhentos e sinantrópicos. O munícipe pode entrar em contato com o setor pelo número 2020-1796 para solicitar uma orientação e a desinsetização gratuitamente, mediante disponibilidade e agendamento prévio.

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