Por Rafaela Alves [Jornal O Estado MS]
Campo Grande ganhará mais duas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) com a reforma e transformações dos CRSs (Centros Regionais de Saúde) dos bairros Aero Rancho e Tiradentes, previstas para serem realizadas até 2024. Com as mudanças, o município conseguirá habilitar mais duas unidades junto ao Ministério da Saúde e mais recursos serão disponibilizados para a Capital.
A Capital, atualmente, conta com seis UPAs (Coronel Antonino; Vila Almeida; Universitário; Moreninhas; Leblon; Santa Mônica), e quatro CRSs (Aero Rancho; Coophavila; Nova Bahia; Tiradentes), entretanto o secretário explicou que os CRSs são plantas antigas e que são mantidas pelo município, já que não se consegue neste padrão serem habilitadas junto ao Ministério da Saúde.
Inclusive, segundo o secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho, quando ele assumiu a gestão da Saúde, nenhuma das UPAs era habilitada e todas tiveram de passar por adequações.
“Uma UPA classificada no nível I, que é o mais baixo, recebe R$ 600 mil. Hoje, o município recebe, aproximadamente, R$ 4,5 milhões do Ministério da Saúde com as habilitações. Isso dá uma renda de R$ 60 milhões ao ano e foi com esse dinheiro que conseguimos melhorar, principalmente, o atendimento na atenção básica”, apontou o secretário, que ainda completou que os avanços ampliarão a capacidade de atendimentos.
“Campo Grande tinha, em 2017, 33% de cobertura da atenção básica e fica na última posição entre as capitais do país. Em 2020 nós conseguimos atingir a marca de 77% de cobertura e alcançar a 8ª posição”, ressaltou José Mauro.
A portaria do Ministério da Saúde de 2013, que redefiniu as diretrizes de modelo assistencial e financiamento de UPA 24h, traz os valores de investimentos aplicáveis. Como já citado, as de porte [nível] I recebem R$ 600 mil, porte, II R$ 800 mil, e R$ 100 mil para as de porte III.
Já os portes são classificados de acordo com a população atingida, número de leitos de observação e de salas de urgência. Sendo que no porte I a UPA deve ter uma área de abrangência de 50 a 100 mil habitantes, 7 leitos e 2 salas de emergência. No porte II são abrangidos 100 a 200 mil habitantes, 7 leitos e 3 salas de emergência. Já nas UPAs de porte III a área tem de abranger uma população de 200 a 300 mil habitantes, 15 leitos e 4 salas de emergência.
A primeira unidade a ser revitalizada e transformada em UPA é o CRS do bairro Aero Rancho, localizado na Avenida Rachel de Queiroz. O secretário afirmou que a licitação deve ser publicada ainda neste semestre e que o custo da obra está estimado em R$ 5 milhões para as adaptações.
“Ela tem o valor um pouco mais alto que a do CRS do Tiradentes, porque será reformado todo o complexo que envolve também a unidade básicade saúde e o Caps (Centro de Atenção Psicossocial). E esse projeto é o mais adiantado, finalizando o projeto, acredito que até junho a licitação esteja aberta”, assegurou.
Para quem mora no bairro, a mudança já é bem-vista. Ainda mais porque as UPAs já existentes ficam longe do Aero Racho e muitos dependem do transporte público, como é o caso da dona Rosana Sales, 58 anos. De acordo com ela, quando precisa tem de levar o neto à UPA do Universitário ou do Leblon.
“Nossa vai ser muito bom para gente ter um UPA aqui no Aero Racho. Toda vez que preciso de pediatra para meu neto tenho que enfrentar o transporte público e ir até outro bairro. Mas não tenho do que reclamar do CRS, sempre me atende bem, mas claro que vai ficar ainda melhor.”
A aposentada Isabel Silva, 60 anos, mora há 20 anos no Aero Rancho e afirmou que já chegou a ir à UPA do bairro Moreninhas para passar por atendimento médico. “Estávamos precisando, principalmente da reforma, o prédio está muito feio já. Mas vai melhorar muito em relação ao atendimento transforma aqui em UPA, os moradores agradecem, não vamos precisar mais ir até outro bairro”, avaliou.
Tiradentes
O próximo a ser transformado em UPA é o CRS (Centro Regional de Saúde) do bairro Tiradentes. Para reforma está previsto um gasto de R$ 2,5 milhões provenientes de emenda parlamentar. Segundo o secretário, a Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Publicos) está realizando o projeto e a licitação deve ficar para o segundo semestre.
“Já orçamos, fizemos a planta baixa, mas o projeto mesmo está sendo feito pela Sisep e a secretária não faz só os projetos da saúde, então ainda vai uns quatro meses para abrimos a licitação dessa reforma do Tiradentes”, esclareceram
Diferenças
As duas unidades, UPAs e CRSs, são para os casos de urgências, como acidentes, infartos, AVCs, problemas inesperados ou de maior complexidade, que necessitem de atendimento imediato, e o atendimento é determinado pela classificação de risco dividido por cores: azul, verde, amarelo e vermelho. Entretanto nas UPAs não há farmácia.
“Inclusive, a população precisa entender que essas alterações, no caso da UPA, da retirada da farmácia, uma reclamação frequente, se deu justamente por conta da habilitação. Então quando o paciente passa por atendimento no fim de semana é dado medicamento para utilização nesses dias, depois o usuário precisa ir a uma unidade de saúde com a receita para retirar o restante”, explicou o secretário.