Campo Grande vive nesta quarta-feira (17) o terceiro dia consecutivo de paralisação total do transporte coletivo urbano. Os ônibus seguem fora de circulação mesmo após determinação judicial para retomada escalonada do serviço e a imposição de multa diária de R$ 200 mil pelo descumprimento da ordem expedida pelo TRT-24 (Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região).
A greve teve início na segunda-feira (15), motivada pelo atraso no pagamento de salários dos motoristas vinculados ao Consórcio Guaicurus, responsável pela operação do transporte coletivo na Capital. Em assembleia realizada na escadaria da sede do TRT, os trabalhadores rejeitaram a decisão judicial que determinava a circulação parcial da frota e optaram pela manutenção da paralisação total. Com isso, terminais permanecem vazios e milhares de usuários seguem sem alternativa de deslocamento por transporte público há três dias.
Na terça-feira (16), a Justiça do Trabalho endureceu a medida e elevou a multa diária para R$ 200 mil em caso de descumprimento da ordem, que previa o início da operação escalonada a partir das 6h desta quarta-feira. Pela determinação, 70% da frota deveria circular nos horários de pico e 50% nos demais períodos. A reação da categoria foi imediata, com rejeição pública à decisão e manifestações de tensão durante a sessão no tribunal. O presidente do sindicato chegou a afirmar que a medida “não vai acontecer”.

Foto: Roberta Martins
O impasse foi reforçado após audiência de mediação realizada no TRT-MS, também na terça-feira, que terminou sem acordo entre o Consórcio Guaicurus e o STTCU-CG (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande). A sessão foi conduzida pelo desembargador César Palumbo Fernandes, que, diante dos prejuízos à população, recomendou a retomada parcial do serviço.
Pela orientação apresentada, 70% dos ônibus deveriam circular nos horários de maior demanda, das 6h às 8h30 e das 17h às 20h. No período intermediário, entre 8h30 e 17h, a operação deveria ocorrer com 50% da frota. O não cumprimento da decisão resultaria em acréscimo de R$ 100 mil à multa já aplicada ao sindicato, totalizando R$ 200 mil.
Durante a audiência, a defesa dos trabalhadores solicitou que a mesma penalidade fosse aplicada ao Consórcio Guaicurus, alegando atraso no pagamento dos salários e pedindo tratamento isonômico entre as partes. Na ocasião, o presidente do consórcio, Themis Oliveira, confirmou que a prefeitura realizou um repasse de R$ 3 milhões na última sexta-feira (12), mas reconheceu que o valor não foi destinado prioritariamente à quitação da parcela salarial em atraso.
Sem avanço nas negociações, os trabalhadores reagiram com risos ao encerramento da sessão e deixaram o plenário sem acordo firmado. O impasse expõe um conflito mais amplo entre trabalhadores, empresa e poder público. Enquanto a categoria mantém a paralisação pela falta de pagamento integral dos salários, a prefeitura de Campo Grande afirma que os repasses ao consórcio foram feitos em dia e classifica a greve como abusiva e ilegal, por se tratar de um serviço essencial.
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