Brasil e Cazaquistão estreitam laços comerciais por meio de Mato Grosso do Sul

Foto: Na manhã de ontem,
embaixador e cônsul
participaram de uma
visita à sede do TJMS/Cayo Cruz
Foto: Na manhã de ontem, embaixador e cônsul participaram de uma visita à sede do TJMS/Cayo Cruz

Consulado visa aumentar relações comerciais entre os países e gerar US$ 1 bilhão com os negócios

Com o novo Consulado Honorário do Cazaquistão em Mato Grosso do Sul, as negociações comerciais entre o Brasil e o país da Ásia Central devem ser ampliadas. Segundo o embaixador do Cazaquistão no Brasil, Bolat Nussupov, que veio ao Estado para a inauguração do consulado, que ocorreu na noite de ontem (13), e para conhecer Bonito, a perspectiva é aumentar as relações comerciais entre os dois países e gerar US$ 1 bilhão. 

“O comércio bilateral é mais baixo que o potencial que temos. No ano passado, fizemos US$ 500 milhões no comércio e eu acho que seria fácil fazer US$ 1 bilhão no próximo ano. Por isso que temos muita esperança com a inauguração do consulado em Mato Grosso do Sul, pois o Estado tem um grande potencial e é exportador dos produtos agrícolas. O consulado vai ajudar com o incremento do comércio”, assegurou, em entrevista ao jornal O Estado. 

Considerada uma relação comercial ainda pequena, justamente, pela potencialidade do Cazaquistão, que tem hoje o PIB mais alto dos países da Ásia Central, também pelo cônsul honorário do país em Mato Grosso do Sul, Alípio Oliveira, ele afirma que as negociações, principalmente pelos fertilizantes, já tiveram início. 

“Estamos negociando alguns navios de fertilizantes para a safrinha e para a safra 2024/2025 e aí vamos começar, realmente, a mostrar para o Brasil que o Cazaquistão é um grande parceiro, um novo parceiro comercial e também abrir um mercado que não temos, porque hoje quando se fala em Ásia lembra- -se, na hora, da China, então exportamos muita coisa para China, mas para o mercado central asiático, não exportamos, praticamente não temos negociação e o Cazaquistão, hoje, corresponde a mais de 60% do PIB da Ásia Central.”

Em solo sul-mato-grossense pela primeira vez em quase três anos como embaixador do Cazaquistão no Brasil e diante de todo o interesse demonstrado pelo Cazaquistão no agronegócio, em especial na soja, durante a tarde, o embaixador foi até o município de Ribas do Rio Pardo, visitar um campo com plantação de soja.

“O Cazaquistão pode fornecer os fertilizantes e sabemos que tem demanda aqui e já vamos oferecer para vender no Estado, por meio do nosso consulado. Vamos mandar as informações sobre os fertilizantes e a lista deles, acredito que já podemos começar pelo Mato Grosso do Sul, a fornecer fertilizantes cazaques para o Brasil”, assegura o embaixador. 

Entretanto, Bolat chegou na manhã da quarta-feira no aeroporto, de onde foi para o TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). Na sede do Poder Judiciário, foi recebido pelo presidente, desembargador Sérgio Martins, desembargador Luiz Tadeu Barbosa da Silva e pela presidente da Amamsul (Associação dos Magistrados de Mato Grosso do Sul), juíza Mariel Cavalin dos Santos.

Para o presidente do TJMS, a função da instituição é estreitar laços e auxiliar nas relações que podem ser feitas a partir da inauguração do consulado entre Mato Grosso do Sul e o país cazaque. “O Poder Judiciário tem também responsabilidade, no ponto de vista não só de atuar na área judicial, mas de se interessar pelo desenvolvimento e crescimento econômico do Estado e de estar presente nessas oportunidades. Receber a visita de uma autoridade que representa um país que tem uma economia expressiva e tem interesse em se relacionar com o nosso país e, mais especificamente, com o nosso Estado, é função do Poder Judiciário, da nossa instituição, estreitar esses laços, não é algo só na área específica”, garante. 

Do Tribunal de Justiça, o embaixador e o cônsul honorário foram para Assembleia Legislativa. Recebidos pelo presidente da Casa de Leis, Gerson Claro (PP), e pelo deputado Junior Mochi (MDB), puderam falar mais sobre o interesse do Cazaquistão pelo agronegócio de Mato Grosso do Sul. Inclusive, o deputado Mochi já tinha conversado com o cônsul sobre as possibilidades de comércios e se mostrou bastante empolgado com as futuras parcerias.

“Entendo que é um momento importante e que é possível estabelecermos um plano de cooperação com o país. Falei, em conversa com o cônsul honorário, para convidar cooperativas e produtores para estarem presentes, participando da inauguração, tendo em vista que o Cazaquistão é um grande produtor de fertilizantes e que, em função da guerra, todo mundo ficou preocupado com a ausência desses produtos”, revela. 

O presidente da Assembleia também ressalta sobre as possibilidades de ampliação das relações com o país centro asiático. “Sempre recebemos autoridades aqui e é sempre muito boa essa relação bilateral, principalmente para a nossa integração, seja ela econômica ou cultural. O Cazaquistão já é parceiro do Brasil e agora, com o consulado no Mato Grosso do Sul, ampliamos as possibilidades e a Assembleia está sempre aberta a fazer essas discussões”, disse. 

Para finalizar a manhã, o embaixador e o cônsul foram almoçar com a prefeita da Capital, Adriane Lopes, que estava acompanhada do procurador- -geral do município, Alexandre Ávalo. Para a chefe do Executivo municipal, a instalação do Consulado Honorário do Cazaquistão mostra que Campo Grande e Mato Grosso do Sul estão passando a serem projetados não mais apenas para a América do Sul. 

“Tenho certeza que teremos um excelente relacionamento o Cazaquistão e com o cônsul. Acredito que a Rota Bioceânica, que estamos falando tanto, vem despertando novos interesses e que vamos poder fazer essa integração com novos países, buscando novas possibilidades comerciais e turísticas também, porque temos uma cidade belíssima e a nossa missão, nesse tempo, é essa, de trabalhar o desenvolvimento econômico, atrair novos investimentos e ampliar nossas relações comerciais com a oportunidade que se abre”, afirma a prefeita.

Novos caminhos para o agronegócio

Quem também esteve presente na cerimônia de descerramento da placa do consulado, que aconteceu ontem (13), em Campo Grande, foi o diretorgeral do jornal O Estado, Jaime Vallér. 

Ele destacou a importância desta nova parceria entre ambos os países. “A vinda do consulado do Cazaquistão, com a guerra que existe hoje, entre e a Ucrânia e a Rússia, o torna um grande fornecedor de fertilizantes para o Brasil e essa oportunidade, para o agronegócio do Centro-Oeste, é muito importante. Acredito que estamos evoluindo, chegando ao ápice do agronegócio, com muita tecnologia e produtividade, para ter uma ótima lucratividade.” 

Por – Rafaela Alves e João Fernandes

 

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