Bolsonaro reza Pai-Nosso e diz ser ‘paz e amor’

Pai-Nosso
Reprodução/Reuters

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) interrompeu ontem (12) uma entrevista para rezar o Pai-Nosso e, ao final, disse ser “paz e amor”, apesar de admitir que tem um “problema” com o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Sem citá-lo nominalmente, Bolsonaro acusou Barroso de “ativismo legislativo” por ser contra a adoção de um “comprovante” impresso após votação na urna eletrônica.

Ele também negou que se arrependa dos recentes ataques feitos ao presidente do TSE, a quem acusou falsamente de “defender a pedofilia” e a “redução da maioridade para estupro de vulneráveis”. Barroso nunca disse nada semelhante e, em 2017, ainda fez exatamente o oposto, votando a favor da continuidade de uma ação penal contra um jovem de 18 anos que manteve relações com uma menina de 13.

“Para de falar em ‘se arrepende’! O que está feito está feito, eu não vim aqui para brigar com ninguém. Acabei de falar. Vai acabar entrevista! Vamos rezar o ‘Pai-Nosso’ aqui? Então vamos rezar o Pai-Nosso”, disse Bolsonaro em entrevista a jornalistas, após reunião com o ministro Luiz Fux, presidente do STF.

Bolsonaro se encontrou com Fux às 17h, no STF. A reunião, segundo o presidente, durou cerca de 20 minutos, e aconteceu em meio a uma intensificação dos ataques de Bolsonaro a ministros do STF, em especial Barroso.

As falsas acusações de Bolsonaro, bem como os repetidos ataques ao Judiciário e os questionamentos sobre a lisura do processo eleitoral no Brasil, geraram uma reação por parte de outros ministros do STF. Gilmar Mendes, por exemplo, saiu em defesa de Barroso, e reforçou que disseminar notícias falsas é danoso à democracia.

“Disseminar notícias falsas é corrosivo para a democracia e configura crime. Não existe juiz da Corte Constitucional brasileira favorável à pedofilia, à tortura ou a qualquer forma de violência. A mentira jamais vai conseguir impedir a defesa da Constituição”, escreveu o ministro em uma rede social.

Fux

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, disse nessa segunda-feira (12) ter combinado com o presidente Jair Bolsonaro uma reunião entre os Três Poderes para “combinarmos balizas sólidas para a democracia”. Ele falou brevemente a repórteres após ter conversado com Bolsonaro à tarde. “Convidei o presidente da República para uma conversa diante dos acontecimentos. Debatemos quão importante é para democracia brasileira o respeito às instituições e os limites impostos pela Constituição Federal. O presidente entendeu”, disse.

André Mendonça

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que apresentaria ainda ontem o nome de André Mendonça para o STF (Supremo Tribunal Federal). O advogado-geral da União é o escolhido para ocupar a vaga aberta com a aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello.

Mendonça já era cotado para a cadeira pelo menos desde julho de 2019, quando o presidente afirmou, em um culto com a bancada evangélica na Câmara dos Deputados, que levaria ao Supremo um nome “terrivelmente evangélico”. Na semana passada, Bolsonaro já havia adiantado o escolhido para a vaga mas, a pedido do presidente do Supremo, Luiz Fux, ficou de anunciar o nome oficialmente somente depois que Marco Aurélio deixasse a cadeira. (Da redação)

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