Bolívia vai investigar vacinação de brasileiros em regiões de fronteira

Arquivo pessoal
Arquivo pessoal

O governo da Bolívia anunciou ontem (27) que vai investigar as denúncias de que brasileiros residentes em áreas de fronteira, como Corumbá, estariam sendo vacinados contra a COVID-19 com os imunizantes disponibilizados para os nativos dessas regiões.

O plano dos bolivianos era acelerar a vacinação da sua população fronteiriça com o Brasil para impedir que haja contaminação no país com a cepa brasileira do coronavírus. Além disso, o governo de Luís Arce é crítico da condução da gestão Jair Bolsonaro (sem partido) na pandemia.

A informação foi divulgada pela primeira vez pelo site ContilNet, do Acre, estado que também faz fronteira com a Bolívia. Segundo a reportagem, os brasileiros, principalmente dos municípios de Epitaciolândia e Brasiléia, estão se dirigindo a Porvenir, seção municipal da província de Nicolás Suárez, no departamento de Pando, e sendo imunizados normalmente. Mesmo sem possuírem carteira internacional de identidade ou comprovante de residência boliviano.

“A vacinação estava sendo normal. Eu me vacinei com minha CNH brasileira. Não tenho identidade boliviana, moro em Brasiléia. Vacinei sem problemas. Cerca de 10 ou 12 pessoas que conheço foram vacinadas. Essa vacinação, sem identidade internacional ou residência boliviana, estava sendo feita em Porvenir. Em Cobija, estavam sendo vacinados estudantes com carteira de dupla nacionalidade”, disse uma fonte do periódico.

De acordo com ela, a vacinação abriu no início da semana passada e ela ficou sabendo por conta de uma amiga, que conseguiu a primeira dose apenas com o RG brasileiro. “Porvenir abriu na segunda- -feira para qualquer pessoa. De acordo com uma amiga, ligada a governantes locais, foram os próprios [governantes] que liberaram. Os bolivianos não estão querendo tomar a vacina. Está sobrando, entre aspas. Não tinha fila [para vacinar], profissionais super educados e acolhedores, mostravam a embalagem, da Astrazeneca. Tudo muito organizado […] uma amiga minha foi apenas com RG brasileiro e vacinou. Como ela foi e conseguiu, fui também. E consegui”, detalhou.

Ação e reação por parte das autoridades

A reação do governo boliviano às denúncias foi imediata. A vacinação foi suspensa na parte do país que faz fronteira com o Acre. Funcionários foram afastados. E o ministro da Saúde local, Jeyson Auza, afirmou ao jornal “El Dia” que determinou a implantação de uma comissão que percorrerá toda a linha fronteiriça para fiscalizar a vacinação.

Isso inclui Corumbá. O Estado apurou junto a moradores que essa situação em Puerto Suárez, San Ignacio, San Matías, Puerto Quijarro e Carmen Rivero Tórrez, cidades que fazem fronteira com Mato Grosso do Sul, é mais controlada. “A vacinação no nosso Estado está em ritmo acelerado, não há interesse em ir até a Bolívia”, disse um enfermeiro local.

Isso não significa que não haja relatos. Brasileiros casados com bolivianos estariam sendo vacinados. O que não estava previsto no plano do governo boliviano.

“É nossa prioridade máxima impedir que as variantes do vírus registradas no Brasil entrem no território boliviano. Dos nossos vizinhos, é o que está vivendo a pior situação com a doença”, explicou Jeyson.

A preocupação com o coronavírus fez com que a Bolívia fechasse suas fronteiras com o Brasil por sete dias no início do mês. Um dos objetivos era justamente acelerar a imunização da população local enquanto controlava o fluxo de brasileiros entrando no país.

Somente a fronteira com Mato Grosso do Sul teve o privilégio de ter uma janela de acesso durante o período. As fronteiras com Acre, Mato Grosso e Rondônia não ganharam o mesmo privilégio. Nos outros locais, continua a autorização apenas para motoristas de carga fazerem a passagem sem cumprir as normas de biossegurança.

Texto: Rafael Ribeiro

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