Miranda e Porto Murtinho também estão entre as cidades com os maiores registros de focos no país
Uma das consequências que as altas temperaturas têm causado é o aumento no número de incêndios florestais e em Mato Grosso do Sul não tem sido diferente. Neste mês de novembro, o aumento, se comparado com ano anterior, é de mais de 7000% no número de focos identificados no Pantanal.
Segundo dados do Programa de Queimadas, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), de 1º a 17 de novembro foram registrados 1.334 focos no bioma, enquanto que no mesmo período de 2022 foram apenas 18 focos identificados. Ou seja, um aumento de 7311%. Ao todo, durante os 17 dias deste mês, foram 1.587 focos registrados em Mato Grosso do Sul, deixando Corumbá, município distante 417 quilômetros de Campo Grande, em segundo lugar no ranking nacional, com 967, atrás apenas da cidade de Poconé (1.874), no Estado do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul é o terceiro Estado do país com mais focos.
Mas a Cidade Branca não é a única do Estado que aparece no ranking. Quando comparados os dados da última quinta-feira (16) e de ontem (17), além de Corumbá na segunda colocação, com 220 focos, aparecem Miranda em sexto, com 86 focos e Porto Murtinho em oitavo lugar, com 44 focos. No total, de quinta para esta sexta-feira, foram identificados, em Mato Grosso do Sul, 390 focos.
Acompanhando a situação na região do Pantanal de Mato Grosso do Sul, Ângelo Rabelo, presidente fundador do IHP (Instituto Homem Pantaneiro), contou, ao jornal O Estado, sobre os locais que estão com o maior número de focos ativos. “A situação segue sem controle em algumas regiões, próximo ao rio Miranda, na região do Paiaguás e ainda ameaçando Mato Grosso do Sul e estamos fazendo um trabalho forte para proteger a Comunidade da Barra, que agora entra em uma situação de risco”, destacou.
Ele destaca também, que além dos impactos ao meio ambiente, a fauna local, mais uma vez, sofre com a agressividade das chamas. “Na região da BR-262, o fogo foi perverso e atingiu algumas fazendas e provocou um quadro bastante crítico, que resultou na morte de muitos animais silvestres”, lamentou.
O trabalho de combate aos incêndios florestais no Pantanal, em Mato Grosso do Sul, está concentrado em três regiões onde o fogo atinge grandes proporções. A atuação dos militares do Corpo de Bombeiros ocorre principalmente na região norte, próximo da divisa com o Mato Grosso – conhecida como Pantanal do Paiaguás –, outra frente de trabalho está localizada na região do Passo do Lontra e o terceiro ponto é na região do rio Negro.
No início da semana, uma reunião entre representantes do Governo do Estado traçou estratégias para o combate a grandes incêndios florestais. Dentre as medidas foi definido o acionamento de aeronaves para apoio logístico e também aeronaves específicas de combate a incêndios florestais.
Três aeronaves apoiam o trabalho de combate às chamas, duas delas são “air tractor”, que transporta até 3 mil litros de água para áreas de difícil acesso, que atuam no Paiaguás e no rio Negro (onde já foram queimados mais de 85 mil hectares).
Com altas temperaturas e sem previsão de chuvas significativas, algumas áreas do Pantanal registram 46°C e ventos que ultrapassam 50 km/h, o que contribui para a propagação das chamas e torna o trabalho de controle e extinção um desafio para o Corpo de Bombeiros.
El Niño em dezembro
Com recordes de temperaturas, cientistas destacam que a situação pode ficar ainda pior, no mês de dezembro. Além do calor extremo no Sudeste e Centro-Oeste, estão previstas enchentes no Sul e seca na Amazônia.
O fenômeno El Niño, segundo os especialistas deve atingir o pico em dezembro. O ano de 2023 caminha para ser o com mais extremos climáticos simultâneos no país, com uma onda de calor no CentroOeste, Sudeste e parte do Nordeste; seca no Norte e fortes chuvas no Sul. Também deverá ser o mais quente dos últimos 125 mil anos, segundo a OMM (Organização Mundial de Meteorologia).
MAIOR NÚMERO DE FOCOS ENTRE OS DIAS 1º A 17 DE NOVEMBRO
Mato Grosso do Sul – 1.587 focos
Corumbá – 967 focos
Aquidauana – 224 focos
Miranda – 200 focos
Porto Murtinho – 157 focos
Por – Rafaela Alves e Michelly Perez
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