“Atuar na África é fazer valer cada vontade, cada gesto, cada minuto de estudo e de vida”, diz médica

Fraternidade Sem Fronteira
Foto: Divulgação

Organização está a procura de profissionais da saúde para atendimentos nas caravanas deste ano

Vivenciar uma experiência fraterna ao viajar para conhecer de perto os acolhidos, colaboradores e o dia a dia nos centros de acolhimento dos projetos da “Fraternidade Sem Fronteiras”, é uma oportunidade única. A Organização humanitária está com vagas abertas para profissionais da área da saúde, que quiserem participar das caravanas neste primeiro semestre de 2023.

Ao jornal O Estado, a jovem médica, Graziella Almeida, que carrega com sigo as experiências vividas em uma dessas caravanas, chama a atenção para uma “transformação de vida”, instigando outros profissionais a se doarem para os povos necessitados.

“Quando decidi ser médica, aos 12 anos, em uma virada de ano com aquele banquete servido, depois de ver na televisão uma propaganda de crianças africanas famintas, ali já tracei meu sonho. Os adultos eram repetitivos demais, só sabiam dizer que quando eu crescesse eu entenderia tudo e desistiria. Em parte, estavam certos. Eu, de fato, entendi mais do que considerava ser ‘tudo’, assim que pude tocar os primeiros corações em Madagascar”, iniciou ela.

Compartilhando as vivências quanto médica, mas também pessoais, Graziela afirmou que ao contrário do que muitos pensam, ela mais recebeu dos pequenos africanos, do que se doou.

“Muitos dirão que viemos dar o que eles nunca tiveram, mas o que recebi aqui, não encontrei jamais em nenhuma outra parte do mundo. A fisiologia não explica o que o frágil metabolismo dessas pessoas, que na vida mal alcançam os 45kg, é capaz de suportar”, indagou.

Apegada a tudo o que viveu na África, a médica incentiva os colegas de profissão a se permitirem viver esta experiência.

“Atuar na África é fazer valer cada vontade, cada gesto, cada minuto de estudo e de vida. Por mais que fisicamente seja uma experiência transitória, espiritualmente ela existirá para sempre em mim. Quem tem a oportunidade de viver isso, nem pense. Vá! Nunca tanta pobreza e miséria produziram tantos tesouros, e quem viver isso, saberá do que estamos falando. Obrigada, pequeninos malagash”, finalizou.

Dividindo o mesmo sentimento, o médico, Wilson Vilete, carrega ainda mais experiências. Coordenador das cara vanas de saúde do movimento desde 2018, ele ressalta a importância do trabalho voluntário nas nações.

“Já me considero veterano, depois de muitas viagens pelo Brasil e pela África. Essas experiências são transformadoras para quem participa. Vamos até eles com a esperança de entregar algo que mude a vida deles, mas na verdade nós que recebemos e mudamos de vida. A todos que tem esse sentimento de ajudar no coração, usufruem do dom da medicina que possuem, e sejam impactados por esse mudo paralelo que existe”, incentivou.

Com a missão de vivenciar e incentivar a prática da fraternidade, sem restrições étnicas, geográficas ou religiosas, a organização humanitária Fraternidade Sem Fronteiras ampara prioritariamente crianças e jovens em situação de vulnerabilidade ou risco social. Atualmente, a Fraternidade Sem Fronteira atua em alguns dos lugares mais pobres do planeta, com esperança e desejo de ajudar a acabar com a fome, e a construir um mundo de paz.

Ao todo, são oito países assistidos; 34 mil acolhidos; 74 polos; 1.182 jovens na escola; e 529 mil refeições produzidas por mês.

Novas experiências em 2023

Para a temporada deste ano, são quatro destinos diferentes em projetos de ajuda humanitária nos países africanos: Malawi, Madagáscar, Moçambique e República Democrática do Congo. Duas destas caravanas são para atendimentos na área da saúde aos acolhidos no Projeto Nação Ubuntu, no Malawi, e no Acolher Moçambique, em Moçambique.

“Para as caravanas da saúde temos uma grande necessidade para a participação de médicos que podem ser de qualquer especialidade, incluindo pediatras, ginecologistas, clínicos gerais. Tentamos ir para uma caravana com no mínimo 10 profissionais da medicina para atender em torno de duas mil pessoas”, explicou a coordenadora de caravanas, Wania Faria.

Quanto aos projetos Órfãos do Congo, na República Democrática do Congo, e Ação Madagascar, em Madagascar, as caravanas agendadas são gerais, ou seja, qualquer profissional de qualquer área de atuação pode participar.

“As caravanas são sempre de muita esperança e amor para atender populações com tantas e diferentes necessidades”, afirmou.

Fraternidade Sem Fronteira

Foto: Divulgação

Como participar da Fraternidade?

As caravanas são organizadas com a participação de padrinhos e madrinhas voluntários para Moçambique, Madagascar, República Democrática do Congo e Malawi, na África e para o Estado de Roraima, no Brasil. Para participar é preciso ser madrinha ou padrinho de um dos projetos da FSF e ter mais de 18 anos. Todos os custos da viagem são de responsabilidade do caravaneiro.

O primeiro projeto será em Moçambique, de 18 de fevereiro a 1º de março; Em seguida será a vez do projeto Ação Madagascar, de 15 de março a 02 de abril; e o projeto Órfãos do Congo, na República Democrática do Congo, de 17 a 29 de março. O projeto Nação Ubuntu, no Malawi, será do dia 04 a 18 de abril. Mais informações: (67) 98475-5638. Seja um voluntário!

Por Brenda Leitte – Jornal O Estado do MS.

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