Enquanto no ano passado a média gasta com o diesel era de R$ 4.531, neste ano passou para R$ 5.867
Por Taynara Menezes [Jornal O Estado]
Atravessar Mato Grosso do Sul, pela BR-163, tem ficado cada vez mais caro para os caminhoneiros. Prova disso é que de dezembro de 2021 a junho deste ano, o gasto com o diesel aumentou em 29,49% ou R$ 1.336, saindo da média de R$ 4.531 para R$ 5.867, respectivamente.
O montante se refere à uma viagem, percorrendo os 845,4 quilômetros de rodovia, comparado ao custo médio do combustível usado nos caminhões, que segundo a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Biocombustíveis e Gás Natural), no ano passado estava R$ 5,36, e neste ano passou para R$ 6,94.
Para o presidente do Sindicam-MS (Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos em Mato Grosso do Sul), Osni Bellinati, os reajustes constantes têm sido um impasse para a categoria.
“Não adianta a gente se preocupar mais, porque a cada semana sobe. A gente não tem opção, apesar de ser uma vergonha”, disse.
Bellinati descarta a possibilidade de uma futura greve. “A greve e paralisação não é a solução, só vai piorar a situação do País, pois se já está ruim sem greve, imagina com greve que vai parar a indústria, a economia e o País. A gente precisa trabalhar”, ressaltou.
Pagando para trabalhar
Há 28 anos na estrada, o paranaense Oziel da Silva, de 48 anos, trabalha com sua própria carreta, Skania R180, transportando papel higiênico. Ele faz trajeto de Bataguassu à Campo Grande. “Eu pego a BR-163, em Bataguassu, quando venho de Curitiba. A viagem de vinda gasto uma faixa de 450 litros, que da R$ 3.500, contando com a volta já da uns R$ 6 mil. Isso é desanimador demais, faz um ano e meio que to pagando para trabalhar”, lamentou.
A alimentação e hospedagem de Oziel são realizadas no veículo para evitar gastos. Segundo ele, o frete custa em média de R$ 10 mil, ida e volta, de Curitiba até Campo Grande, por exemplo.
“Eu compro R$ 540 de alimento bruto, só o básico mesmo, sem carne. Para encher os dois tanques de 600 litros cada, vai R$ 7.500, pra fazer uns 2,5 km por litro. Do valor do meu frete vai tudo em despesa do caminhão, ainda tenho que andar rezando para não quebrar nada, não furar nada”, pontuou.
O douradense Antonio Ferreira, de 63 anos, também trabalha por conta própria. Há mais de 40 anos trabalhando no ramo, os últimos dias tem sido um desafio permanecer na profissão. “Ficamos inseguros, porque carregamos aqui com um preço e no destino final já está com outro preço e o frete não consegue acompanhar a alta do diesel”, comentou.
Com um caminhão, modelo LS, Antonio trabalha transportando frango congelado. A média de gasto de Dourados à Capital é R$ 4 mil ida e volta com tanque cheio.
“Meu caminhão gasta mais devido ao aparelho de refrigeração que consome bastante, meu frete é R$ 7 mil ida e volta, R$ 4 mil vai em combustível, eu ainda faço minha própria comida aqui no caminhão para economizar. O que sobra é meu salário, que é dividido com as despesas do veículo.” Reflexo O aumento do diesel também afeta no valor de alimentos, que dependem dos fretes para chegar ao destino final, além de contribuir com a inflaçãoeconomizar. O que sobra é meu salário, que é dividido com as despesas do veículo.”
Reflexo
O aumento do diesel também afeta no valor de alimentos, que dependem dos fretes para chegar ao destino final, além de contribuir com a inflação.
O proprietário do Mercado do Produtor na Capital, Omega Marques, já tem sentido o reflexo nos preços dos produtos que comercializa em seu estabelecimento. “A situação tem refletido diretamente e instantaneamente no custo, estamos tendo mais uma leva de alta nos preços essa semana novamente. A solução é absorver um pouco do aumento e por o restante no custo”, explicou.
Para driblar a situação, o comerciante investe em estratégias na hora de negociar com produtores. “A gente tem buscado encontrar parceiros, produtores da região, porem tem frutas que não tem produção aqui no Estado, ai não tem alternativa.” Segundo o empresário, o produtos que mais encarecem são a uva, melão espanhol, coco verde, mamão, batata e cebola.
Pedágio
Conforme informações da CCR Via, os 845,4 quilômetros de extensão, da BR-163 compreende 21 municípios de Mato Grosso do Sul, saindo de Mundo Novo e chegando em Sonora. Atualmente, nove dessas cidades possuem um ponto de pedágio instalado.
A cobrança para carretas, caminhões e veículos comerciais é feita por eixo. Os valores variam de R$ 5,10 a R$ 7,80. Se um caminhoneiro cruzar o Estado pela 163, a média gasta em pedágio será a partir de R$ 54,50, apenas somando todos os valores. O preço final vai depender da quantidade de eixos de cada veículo.