STF vai julgar ação para decidir se libera ou não o showmício em 2022
Pré-candidato ao governo do Estado pelo MDB, o ex-governador André Puccinelli não acredita que showmícios beneficiem campanhas e candidatos. Para ele, a modalidade era útil no passado, mas atualmente não usaria, caso o STF (Supremo Tribunal Federal) julgue ação e libere a realização nas eleições de 2022.
“O pessoal que vai ao showmício não vai para ouvir o candidato, vai para o show e para ver o artista. Para mim o showmício não faz diferença alguma na campanha. Acho que o STF não libera essa medida. Até porque não beneficiaria na divulgação de programa de governo, do partido ou de um candidato. Acho que não libera e se liberar isso aí dificilmente os candidatos vão usar.”
Puccinelli foi eleito prefeito de Campo Grande em 1996 e utilizou o recurso, principalmente com grupos de chamamé como o Canto da Terra. A música feita especialmente para o emedebista grudou na cabeça das pessoas e fez sucesso.
Sobre êxito há 25 anos, Puccinelli pondera que “eram outros tempos” e o showmício servia para divulgar o rosto do candidato a centenas de pessoas ao mesmo tempo. “Naquela época era um hábito fazer isso, e naquele tempo era um instrumento que propiciava aos candidatos a falarem a uma porcentagem muito grande de público. Geralmente era usada por novos candidatos e que ainda não eram tão conhecidos, como era o meu caso. Isso trazia uma divulgação maior das falas e a população gostava muito de chamamé.”
Apesar da boa jogada em 1996, o ex-governador deixou claro que não vai usar o showmício, caso haja liberação. Ele afirma que os tempos mudaram e novas formas de fazer campanha com uso de tecnologias, reuniões pequenas e com mais proximidade são mais interessantes.
Questionado, o presidente do PDT-MS, deputado federal Dagoberto Nogueira, diz que a pauta não passa. “Essa ação não vai passar porque é um abuso de poder econômico. Não podemos regredir. Passamos muito tempo visando não permitir esses abusos. Creio que o Supremo não vai permitir esse retrocesso.” O parlamentar destacou que é contra o showmício e não utilizaria do artifício mesmo se fosse liberado.
Aprova
O empresário Jeferson Júnior Teixeira, conhecido como “Ninho”, que gerencia duplas como Jads e Jadson, Munhoz e Mariano, João Carreiro, entre outros, diz que realizou diversos showmícios pelo Estado. “A gente fez muito showmício, eu não me recordo os candidatos, mas quando eram eleições municipais a gente ia para várias cidades, assim como outras campanhas. Mas eu peguei o final, antes da proibição.”
Obviamente, o empresário não vê problemas em realizar os eventos de conjuntura política e aprova a liberação. “Aprovo demais porque vai beneficiar muitos artistas e não só os de grande renome, como os poucos conhecidos também. O exemplo é que na próxima eleição vai ter candidatos a deputado estadual e federal, senador e não só o Estado, estamos falando em nível de Brasil. Então, gera muito emprego, renda e os artistas que não são tão conhecidos têm a oportunidade de rodar mais.”
Ninho cita que sempre foi politizado e inclusive com filiações a partidos. Ele enxerga que a luta para melhorias envolvendo a classe artística é fundamental neste momento. “Estou torcendo muito [para que o STF libere] porque a classe foi a mais prejudicada pela pandemia e ainda está sentindo o prejuízo. Sabemos que os artistas em geral sofreram muito e, como disse, isso beneficia principalmente os menores.” (Mais informações na página A4)