Em Campo Grande, o arcebispo Dom Dimas Lara Barbosa prestou uma homenagem emocionada ao pontífice, a quem sempre considerou uma grande inspiração. Para Dom Dimas, embora o momento seja de luto, também é de esperança e fé. “Tenho certeza de que hoje é dia de festa no céu”, declarou.
Em entrevista ao jornal O Estado, o arcebispo compartilhou a dor da perda: “É alguém que eu sempre admirei muito, que sempre procurei pautar… não conseguia, mas sempre procurei pautar o meu ministério à luz dos ensinamentos do papa Francisco. Naturalmente, do Evangelho em primeiro lugar, e dos ensinamentos do papa em segundo.” A programação completa das homenagens ainda será definida em conjunto com os padres da Arquidiocese.
Encontros marcantes com o pontífice
Dom Dimas relembrou com carinho os momentos em que esteve com o papa Francisco, inclusive antes de ele assumir o papado. Um dos encontros mais significativos aconteceu em Aparecida (SP), durante a visita do então papa Bento XVI, quando Jorge Mario Bergoglio, ainda cardeal e arcebispo de Buenos Aires, chefiou a redação da Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, em 2007.

Foto: reprodução/CG News
“Sempre fui muito percebido por ele. Aquele foi meu primeiro contato mais direto. Foram 16 dias de convivência e partilha”, disse. Desde então, Dimas esteve com Francisco ao menos seis vezes, em encontros no Rio de Janeiro, Medellín (Colômbia), Puebla (México), Santo Domingo (República Dominicana) e Roma, em visita oficial ad limina apostolorum com os bispos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Durante um desses encontros no Vaticano, o papa surpreendeu os bispos ao pedir que todos falassem em português. “Mais uma vez, ele confirmou aquilo que a gente já sabia: muito acolhedor. Ele falava em espanhol, e a gente se entendia muito bem. Trago muitas e boas recordações do papa Francisco”, afirmou.
Legado
Ao comentar sobre o legado do pontífice, Dom Dimas destacou duas marcas profundas deixadas por Francisco: a atenção aos pobres e sofredores, e a centralidade da misericórdia de Deus. “Ele foi o Papa da misericórdia. Sempre que havia conflitos, ele se manifestava, oferecia ajuda, pedia orações. Isso vale para a Ucrânia, a Faixa de Gaza, a África, a Nicarágua…”, explicou.
Dom Dimas também ressaltou que Francisco abriu a Igreja para um novo tempo. “Ele nos ensinou a ser uma Igreja em saída, que vai ao encontro das periferias existenciais — dos angustiados, deprimidos, esquecidos, abandonados. Ele nos chamava a estar com os que mais sofrem.”
Sobre o futuro da Igreja, Dom Dimas disse confiar na condução divina. “Quando o Papa Bento renunciou, foi uma comoção. E aí veio Francisco, um latino-americano. Uma bênção. Agora, os caminhos de Deus vão continuar. Tenho certeza de que será escolhido aquele que a Igreja precisa neste momento.”
A Arquidiocese de Campo Grande fará uma celebração em intenção ao papa Francisco nesta segunda-feira, às 19h, na Matriz de Santo Antônio. A missa será presidida por Dom Dimas e deve reunir centenas de fiéis.
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