Durante coletiva de imprensa realizada na manhã de ontem (25) para detalhar o caso bárbaro contra duas crianças de 11 e 3 anos, no início do mês de dezembro do ano passado, a delegada da Polícia Civil de Sidrolândia, Barbara Fachetti, descreveu o responsável pelo crime, identificado como Lucas Cáceres Kempener, de 24 anos, como doentio e extremamente controlador.
O crime chocou tanto o município de Sidrolândia, como o Estado devido à crueldade do acusado contra às menores. Lucas teria invadido a casa da ex-companheira, espancado e ateado fogo nas filhas de 11 e 3 anos da mulher. Além disso, há indícios de estupro contra a menina de 11 anos, mas as investigações desse crime ocorrem em segredo de justiça.
No dia do crime, as crianças estavam sozinhas em casa, já que mãe estava em horário de trabalho em um frigorífico e não teria condições financeiras de pagar um responsável para cuidar das meninas. Entretanto, era comum que a mulher deixasse as filhas com uma irmã, porém no dia a tia não poderia e as meninas acabaram sozinhas.
O relacionamento de Lucas com a mulher teria durado apenas três meses, e teria acabado após a mulher encontrar vídeos de pornografia infantil no celular do homem. Porém, conforme depoimento da mãe das crianças, de amigas, e de testemunhas, Lucas não aceitava o fim do relacionamento e já havia feito diversas ameças contra a mulher. Durante o relacionamento conturbado, Lucas demonstrou um comportamento agressivo e controlador, como explica a delegada Barbara Fachetti.
“O investigado apresentou personalidade extremamente doentia, ciumenta e controladora. Ele inicia o relacionamento com pequenas ameaças, com ciúmes; depois ele desenvolve essas ameças verbalizando, com xingamentos, controlando as atitudes da mãe das crianças: ela não saia mais de casa sem a supervisão dele, ele controlava o horário de trabalho, as amizades, em determinada situação ele hackeou todas as redes sociais dela, trocou as senhas e colocou o e-mail dele para verificação. Então ela perdeu o controle de todas as redes sociais dela”.
Lucas já havia invadido a casa da mulher outras vezes, pulando o muro do local por meio de um terreno baldio que havia do lado. Em outra atitude que demonstra o comportamento doentio do homem, ele teria matado o cachorro da família e deixado o corpo ao lado da residência.
“Em áudios, que estão nos altos da investigação, ele fala para mãe das meninas que não tem nada a perder, que ele vai ‘acabar com a vida dela igual ela acabou com a vida dele’. Em outro áudio ele fala que está louco e descontrolado, que é para ela esperar a pior notícia. Em outra ocasião, em que ela estava com amigas em casa, jantando normalmente, ele entrou na casa (após ter feito uso de substâncias entorpecentes e álcool), xingou a mulher e falou que não tinha nada a perder, que era para se cuidar, pois ele iria atirar nelas.
Em uma situação próxima ao dia do crime, ela estava com um colega na calçada de casa, tomando tereré, quando o acusado avançou com um carro na direção da dupla.
O crime
Ma madrugada do dia oito de dezembro de 2023, Lucas incendiou a casa com as crianças dentro, que ficaram em estado gravíssimo, com traumatismo craniano e queimaduras de 3º e 4º grau. As vítimas foram resgatadas por vizinhos, que identificaram Lucas saindo da casa no momento do crime.
“No dia dos fatos, as testemunhas que ajudaram as crianças, identificaram ele como a pessoa que teria pulado o muro no momento do incêndio da casa mãe da criança para o terreno baldio e depois saído do terreno, subido em uma moto vermelha. Uma das testemunhas, que já o conhecia, o reconheceu”, explicou Fachetti.
“Em depoimento, o homem negou a autoria do crime, e deu uma versão dos fatos, alegando estar em outro local no momento do incêndio. A investigação buscou imagens de vídeo monitoramento dos locais onde o homem alegada ter ido no dia, viu que as roupas que ele usava eram as mesmas que as testemunhas disseram ter visto ele vestindo no momento do crime”.
As crianças chegaram ao hospital com 80% do corpo queimado. A menina de 3 anos já recebeu alta e se recupera com familiares. Entretanto, a menina de 11 foi a mais atingida e precisou amputar o braço direito, parte da perna direita e três dedos da mão esquerda, e segue internada. O pai das meninas mora em outra cidade, mas sempre manteve contato com as filhas e auxilia nos cuidados com elas.
Lucas já tinha sido preso em flagrante por porte ilegal de arma de fogo. Ele foi morto na última quarta-feira (24), em confronto com a polícia, após reagir à abordagem das equipes.
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