Dados da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) apontam que, para cada mulher presa em regime fechado em Mato Grosso do Sul, 15 homens estão detidos nos presídios do Estado.
Segundo a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), essa diferença pode ser explicada porque a maioria dos crimes de tráfico de drogas e os violentos, como homicídios, violência doméstica e latrocínios, é praticada pelo sexo masculino, ao passo que as mulheres, geralmente, são presas por atuarem como “mulas”, que transportam entorpecentes.
Conforme o levantamento, até julho deste ano, 13.145 homens se encontravam em regime fechado, 94% a mais que mulheres, que ocupavam 872 vagas. Já em regime aberto e semiaberto eram 3.940 pessoas do sexo masculino e 213 do feminino.
Dos crimes cometidos, 40% são presos por tráfico de drogas, 16% por roubo e 13% por homicídio. Segundo o titular da Sejusp, Antônio Carlos Videira, as mulheres acabam detidas por transportarem entorpecentes
para ajudar os companheiros. “Em alguns casos o marido foi preso, ela ficou sozinha e tem de manter a família. Então assume o papel do marido no tráfico, porque, além de ficar sem o provedor da renda, aumentam despesas com advogado e ela acaba indo para o tráfico ou puxar cigarros e acabam sendo
presas transportando esses produtos ilícitos”, explicou Videira.
Ainda conforme o secretário, o perfil dos presidiários é diferente. “A maioria das mulheres que está no sistema penitenciário não tem antecedente, não passou pelas Uneis [Unidades Educacionais de Internação], diferente dos homens”, esclareceu.
No total, O Estado tinha até julho deste ano, 20.633 internos, 1.273 a mais que em 2020 que era de 19.360 detentos. Além disso, até o sétimo mês de 2021, 2.463 pessoas eram monitoradas por tornozeleira eletrônica, 591 a mais que no ano anterior. Desses, 123 homens estão sendo monitorados por medidas protetivas de urgência, já mulheres são apenas duas fiscalizadas em todo o Estado.
Em ambos os períodos, os autores de tráfico de drogas lideram os presídios de Mato Grosso do Sul. Até julho deste ano, 8.350 foram presos, ao passo que no mesmo período de 2020 o número era de 8.234.
De acordo com Videira, tais cifras refletem o trabalho das forças de segurança de apreensão de entorpecentes. “O Estado tem duas importantes fronteiras com Paraguai e Bolívia e é o que mais apreende drogas no país. Quanto mais drogas apreendidas, mais presos”, assegurou. (Texto: Mariana Ostemberg)