A Nasa retomou a contagem regressiva para lançar sua primeira missão de retorno à Lua. A agência espacial americana pretende lançar a Artemis 1 na madrugada desta quarta-feira (16), a partir das 3h04 (de Brasília), quando se abre uma janela de duas horas para o início do voo.
Será a primeira missão do SLS (sigla para Sistema de Lançamento Espacial), superfoguete desenvolvido para o retorno tripulado à Lua. Desta vez, contudo, como se trata de um teste, a cápsula Orion voará sem ninguém a bordo.
Caso tudo corra bem, o plano é lançar a Artemis 2, tripulada, em 2023 (o mais provável é que fique para 2024), na primeira viagem de humanos ao redor da Lua desde a Apollo 17, realizada em dezembro de 1972. E a Artemis 3, oficialmente ainda marcada para 2025 (mas quase certamente destinada a atrasar), realizaria o primeiro pouso lunar tripulado do século 21.
Por ora, James Free, administrador associado de desenvolvimento dos sistemas de exploração da Nasa, nem gosta de falar nessas futuras missões, porque tudo depende de um sucesso com a Artemis 1. Embora voe sem tripulação, não será uma missão sem novidades: caso tudo corra bem, veremos o voo mais distante da Terra já realizado por uma cápsula destinada a transportar humanos.
Caminho complicado Pode-se falar muito sobre o desenvolvimento do programa, menos que foi pouco atribulado. É uma história que se arrasta por idas e vindas desde o acidente com o ônibus espacial Columbia, em 2003, que fez a agência repensar o futuro de suas missões de exploração.
Só o foguete, o SLS, custou US$ 23,8 bilhões (originalmente estimados em US$ 10 bilhões) e deveria ter seu primeiro voo em 2016. Agora a luta é para não deixar que escape para 2023.
A Orion, por sua vez, representa uma parceria importante entre americanos e europeus: o módulo de tripulação foi feito nos EUA, mas o de serviço, que inclui o sistema de propulsão, é fornecido pela empresa europeia Airbus. Seu desenvolvimento custou, desde 2006, US$ 20,4 bilhões. Assim, o custo total chega a quase US$ 50 bilhões.
Para complicar tudo, o SLS é uma mistura estranha de novo foguete com tecnologias antigas. Desenhado assim por ordem do Congresso americano, ele incorpora tecnologias originalmente criadas nos anos 1970 para os ônibus espaciais. Os motores do primeiro estágio do foguete, por sinal, são os mesmos. Literalmente. Desatarracharam dos antigos veículos da Nasa e plugaram no foguete novo.
Estima-se que cada lançamento vá custar US$ 4 bilhões e que a agência seja incapaz de ter uma cadência de voos superior a um a cada dois anos. A Nasa jura que o custo vai cair e que pode operar com mais eficiência o sistema. Os eventos recentes não parecem corroborar essa ideia.
Com informações da Folhapress, por SALVADOR NOGUEIRA