A Guarda de Finanças (polícia de fronteiras e alfândega) da Itália ordenou na segunda-feira (2) a apreensão do navio Eleonore, que pertence à ONG alemã Mission Lifeline. A ação ocorreu pouco depois de a embarcação entrar em água territoriais italianas para tentar atracar em Pozzallo, na Sicília, com 104 migrantes resgatados no Mediterrâneo.
Segundo as autoridades italianas, a apreensão ocorreu porque o navio viocou a proibição de entrar em águas territoriais italianas, conforme previsto no decreto de segurança aprovado pelo governo da Itália, promovido pelo atual ministro do Interior, Matteo Salvini.
A ONG alemã anunciou hoje a decisão de violar a proibição e seguir para Pozzallo após uma forte tempestade durante a noite, alegando que as condições a bordo estavam “insustentáveis”.
O capitão do navio, Claus-Peter Reisch, anunciou no Twitter que declarou estado de emergência e que estava indo para o porto. “A situação perigosa para a vida das pessoas a bordo me obriga a me dirigir ao porto mais próximo”, escreveu o capitão.
Pouco depois, na costa da Sicília, uma lancha da Guarda de Finanças se aproximou e alguns agentes subiram a bordo.
O navio tinha permanecido durante dias em águas internacionais entre Malta e Itália, após os dois países não concederam autorização para aportar.
“Leis e fronteiras devem ser respeitadas. Se alguém pensa que pode ignorá-las sem consequências, está errado. Faço e farei tudo para defender a Itália”, disse Salvini no Twitter.
A ONG Lifeline denunciou, nos últimos dias, as condições em que esses migrantes se encontravam amontoados neste pequeno navio de aproximadamente 50 metros quadrados (m²) e onde era impossível se movimentar.
O governo alemão afirmou na última quarta-feira que “uma solução” era urgentemente necessária para o Eleonore e se comprometeu a assumir uma parcela significativa das pessoas a bordo.
Esses 104 migrantes do Eleonore já desembarcaram em Pozzallo, onde foram identificados pela polícia local, e agora esperam saber qual será seu futuro.
A Promotoria de Ragusa, província à qual pertence Pozzallo, abriu uma investigação para verificar se possíveis crimes foram cometidos, entre eles o de favorecer a imigração ilegal, segundo informações da imprensa local.
Além disso, será analisado se a ONG terá que assumir sanções pelo descumprimento da proibição de entrar em águas italianas, conforme previsto na lei anti-imigração promovida por Salvini.
Além de Eleonore, o navio Alan Kurdi, da ONG alemã Sea Eye, com 13 migrantes, incluindo oito menores, ainda aguarda na costa de Lampedusa em águas internacionais, enquanto as autoridades italianas autorizaram, por motivos de saúde, o desembarque dos últimos 31 migrantes que estavam a bordo do navio Mare Jonio, da ONG italiana Mediterranea Saving Humans. (Deutsche Welle)