Hoje, a ação chega à Escola Jatobazinho e se encerra na sexta-feira, dia 19
Com 629 atendimentos realizados, o JEF Itinerante Fluvial concluiu a segunda etapa de sua jornada pelo Tramo Norte do Rio Paraguai. Nos dias 16 e 17 de setembro, serviços essenciais de cidadania e acesso à justiça chegaram até os moradores ribeirinhos da região de Paraguai Mirim, levando esperança e dignidade a quem vive distante dos centros urbanos.
Para alcançar a Fazenda Ilha Verde, onde os atendimentos foram realizados, a equipe percorreu 95 km em sete horas, partindo de Barra de São Lourenço, na divisa entre Mato Grosso do Sul e Mato Grosso — uma travessia que simboliza o esforço para romper barreiras geográficas e sociais.
Em dois dias de trabalho, foram ajuizadas 85 ações pela Justiça Federal, com 66 acordos homologados. Além disso, foram realizadas 18 perícias médicas realizadas e expedidas cerca de R$ 656 mil em Requisições de Pequeno Valor (RPVs), garantindo recursos fundamentais para famílias em situação de vulnerabilidade.
A força tarefa também ofereceu 222 orientações jurídicas, com apoio da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), da Defensoria Pública da União (DPU) e da Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso do Sul (DPE/MS).
No navio de assistência hospitalar da Marinha, que integra a expedição, foram realizados 54 atendimentos médicos e 12 odontológicos, cuidando da saúde de quem pouco tem acesso a serviços básicos.

Juiz federal Ricardo Damasceno de Almeida enalteceu os resultados da ação
“Estamos com excelentes resultados, com concessões de aposentadorias, seguro defeso, salário maternidade. Isso reforça a importância de a Justiça Federal estar sempre presente junto à população mais necessitada”, salientou o juiz federal Ricardo Damasceno de Almeida.
Histórias que emocionam
Francilene Silva, 33 anos, mãe de sete filhos, vive da pesca e da coleta de iscas. Na primeira edição do JEF Itinerante, conseguiu o salário-maternidade para dois filhos. Nesta nova etapa, obteve o benefício para outro filho, o seguro defeso e o Benefício Assistencial à Pessoa com Deficiência (BPC-Loas) para um dos filhos que é autista.
“Consegui graças a vocês que vêm para fazer mudança na vida dos ribeirinhos, porque nós somos esquecidos”, disse, emocionada.

Francilene Silva, mãe de sete filhos, obteve benefícios previdenciários para as crianças
Luiz Martins, 57 anos, perdeu a visão parcial após um acidente aos 18 anos, quando trabalhava em atividades braçais no campo. Há 17 anos, a perda se tornou definitiva.
Ele vive sozinho em um sítio e buscava aposentadoria por incapacidade permanente. Agora foi contemplado com o benefício na ação itinerante.
“Eu não tenho condição de trabalhar. Isso é um ganha-pão que Deus deu para nós, trazendo vocês aqui.”

Luiz Martins, com deficiência visual, conseguiu aposentadoria rural por incapacidade
Larissa Camargo, 19 anos, e o marido, Tiago Dias de Oliveira, 24, foram ao mutirão apenas para fazer o RG. A família é de pescadores e vivem nas redondezas. Descobriram que tinham direito, cada um, ao seguro defeso.
“Nunca pensei que conseguiria um dinheiro desse na minha vida”, disse Larissa, com lágrimas nos olhos.

Família de pescadores conseguiu o seguro defeso
Renata Arruda da Silva, 18 anos, está grávida de oito meses e meio e é mãe de uma criança com leishmaniose visceral. Ela conseguiu o salário maternidade antecipado, o auxílio reclusão e o BPC-Loas.
“Conseguir esses benefícios foi um momento de alegria, porque eu achava que não conseguiria tudo isso.”

Renata Arruda obteve salário-maternidade antecipado, auxílio reclusão e BPC-Loas
Dona Diva, que afirma ter 106 anos, voltou ao mutirão itinerante após ter conseguido pensão por morte e aposentadoria na primeira edição em 2022. Desta vez, acompanhou o filho com visão monocular, que obteve o BPC-Loas.

Juíza federal Monique Marchioli Leite e dona Diva
Itinerância com final feliz
Dalvina Moura de Arruda, 50 anos, e Antônio Caetano Alves, 65 anos, há 25 anos, construíram uma vida em comum, criando os filhos em meio às agruras da região do Pantanal. Nunca se casaram por dificuldades de deslocamento.
Durante o mutirão, Antônio surpreendeu Dalvina com um pedido de casamento. Ele fez uma declaração de amor à mulher, em que enfatizou a alegria de estar ao lado dela. A companheira disse “sim”, emocionando todos os presentes.

Dalvina Arruda e Antônio Caetano se casaram durante a ação de cidadania
Próxima parada: Escola Jatobazinho
Os navios da Marinha seguiram para a última etapa do mutirão pelo Tramo Norte do Rio Paraguai. Os atendimentos serão realizados hoje e amanhã, dia 19, na Escola Municipal Jatobazinho, das 8h às 17h.
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