Congestionamento de caminhões prejudica tráfego na fronteira entre os dois países.
O baixo nível do rio Paraguai, também está afetando a Bolívia, na fronteira com Corumbá. Há congestionamento de caminhões de cargas, principalmente de combustíveis, do lado do país vizinho, o que acaba prejudicando o tráfego devido ao grande número de veículos pesados.
Há cerca de 7 dias, o congestionamento chegou a dois quilômetros. Na longa fila, os caminhoneiros aguardam a vez para cruzar a fronteira e entrar em Corumbá, passando pelo posto de Fiscalização Esdras, onde está a Receita Federal.
A explicação é a estiagem do rio Paraguai. Com o nível muito baixo, as barcaças não têm como navegar pelo Canal do Tamengo, um dos braços do rio, que liga os dois países. “Toda a carga que entrava pelo modal fluvial, hoje está entrando pelo modal rodoviário, então houve um aumento no comércio exterior e também no fluxo de veículos de transporte pesado”, explicou Erivelto Moyses Torrico Alencar, que é auditor chefe da Alfândega da Receita Federal de Corumbá.
“A dinâmica na fronteira do comércio exterior é muito sazonal. Hoje, está tendo muita importação de fertilizantes agrícolas, minérios e também temos a saída de caminhões-tanques levando combustíveis para a Bolívia, esses caminhões-tanques, quando retornam, precisam ser escaneados, justamente pela característica do próprio veículo. Isso acaba provocando congestionamento. Obviamente, somos sensíveis aos caminhoneiros que estão ali horas na fila e a Receita Federal tem trabalhado para melhorar isso”, explicou Erivelto ao jornal Diário Corumbaense.
Ações
Conforme Erivelto cerca de 40 caminhões passavam por dia pela Receita Federal, que entravam carregados no Brasil. Hoje, são mais de 100. A estimativa é que entre veículos carregados e descarregados, nos dois sentidos, a média é de 800 caminhões cruzando a linha internacional por dia.
“E isso não se resolve do dia para a noite, precisa da integração de diversos órgãos que atuam na fronteira, sejam órgãos ou entidades, temos intervenientes, representantes de transportadores, representantes do porto seco, para integrar essa ação e conseguir minimizar todo esse impacto do comércio exterior”, falou.
Entre as medidas está a ampliação do horário de funcionamento, para atender a demanda. “Atualmente, o horário inicia-se às 07h e vai até 17h, horário comercial. Agora, estamos tentando implementar a entrada a partir das 06h da manhã, para que justamente minimize esse congestionamento que ocorre ali, principalmente na ponte que liga os dois países, que não é adequada para o movimento do comércio exterior em Corumbá. É uma ponte de entrada e saída, enquanto o Posto Esdras tem seis vias, tem mais estrutura para essa logística”, explanou o responsável pela Alfândega.
Com a ampliação do horário, a expectativa é que o tempo na fila seja reduzido, porém, isso só foi implementado a partir de segunda-feira (25). Outra forma é o Scanner dos caminhões.
“Precisamos de certa forma minimizar esse tempo na fila e podemos conseguir diminuindo o número de escaneamento, adotando o critério de amostragem, porque a sensação e risco de percepção de possível fiscalização sem mantêm, isso é interno e a gente consegue evitar crimes transfronteiriços, só que para isso precisamos de um certo tempo para fazer essas gestões. Os veículos carregados vão conseguir ingressar a partir das 06h na segunda-feira, mas obviamente, se eles forem submetidos a Scanner terão que cumprir e se liberados vão poder se dirigir para o porto seco”, completou.
“O comércio exterior está bem ‘inflado’ na região, é um ambiente de negócios, empresários têm seus interesses, é favorável, mas o modal fluvial praticamente hoje está inutilizado pela seca do rio, e isso acabou saturando todo o modal rodoviário”, finalizou auditor chefe da Alfândega da Receita Federal em Corumbá.
Altura negativa
Na última quinta-feira, 21 de outubro, o rio Paraguai na régua de Ladário, está com altura negativa de 55 centímetros, 2 metros e 57 centímetros abaixo do nível normal para a época, de acordo com dados do Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste, órgão subordinado ao Comando do Sexto Distrito Naval. Colaborou Leonardo Cabral.