Com pouca água do Rio Paraguai aumenta movimento nas rodovias da fronteira

Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Congestionamento de caminhões prejudica tráfego na fronteira entre os dois países.

O baixo nível do rio Paraguai, também está afetando a Bolívia, na fronteira com Corumbá. Há congestionamento de caminhões de cargas, principalmente de combustíveis, do lado do país vizinho, o que acaba prejudicando o tráfego devido ao grande número de veículos pesados.
Há cerca de 7 dias, o congestionamento chegou a dois quilômetros. Na longa fila, os caminhoneiros aguardam a vez para cruzar a fronteira e entrar em Corumbá, passando pelo posto de Fiscalização Esdras, onde está a Receita Federal.

A explicação é a estiagem do rio Paraguai. Com o nível muito baixo, as barcaças não têm como navegar pelo Canal do Tamengo, um dos braços do rio, que liga os dois países. “Toda a carga que entrava pelo modal fluvial, hoje está entrando pelo modal rodoviário, então houve um aumento no comércio exterior e também no fluxo de veículos de transporte pesado”, explicou Erivelto Moyses Torrico Alencar, que é auditor chefe da Alfândega da Receita Federal de Corumbá.

“A dinâmica na fronteira do comércio exterior é muito sazonal. Hoje, está tendo muita importação de fertilizantes agrícolas, minérios e também temos a saída de caminhões-tanques levando combustíveis para a Bolívia, esses caminhões-tanques, quando retornam, precisam ser escaneados, justamente pela característica do próprio veículo. Isso acaba provocando congestionamento. Obviamente, somos sensíveis aos caminhoneiros que estão ali horas na fila e a Receita Federal tem trabalhado para melhorar isso”, explicou Erivelto ao jornal Diário Corumbaense.

Foto: Anderson Gallo

Ações 

Conforme Erivelto cerca de 40 caminhões passavam por dia pela Receita Federal, que entravam carregados no Brasil. Hoje, são mais de 100. A estimativa é que entre veículos carregados e descarregados, nos dois sentidos, a média é de 800 caminhões cruzando a linha internacional por dia.

“E isso não se resolve do dia para a noite, precisa da integração de diversos órgãos que atuam na fronteira, sejam órgãos ou entidades, temos intervenientes, representantes de transportadores, representantes do porto seco, para integrar essa ação e conseguir minimizar todo esse impacto do comércio exterior”, falou.

Entre as medidas está a ampliação do horário de funcionamento, para atender a demanda. “Atualmente, o horário inicia-se às 07h e vai até 17h, horário comercial. Agora, estamos tentando implementar a entrada a partir das 06h da manhã, para que justamente minimize esse congestionamento que ocorre ali, principalmente na ponte que liga os dois países, que não é adequada para o movimento do comércio exterior em Corumbá. É uma ponte de entrada e saída, enquanto o Posto Esdras tem seis vias, tem mais estrutura para essa logística”, explanou o responsável pela Alfândega.

Com a ampliação do horário, a expectativa é que o tempo na fila seja reduzido, porém, isso só foi implementado a partir de segunda-feira (25). Outra forma é o Scanner dos caminhões.

“Precisamos de certa forma minimizar esse tempo na fila e podemos conseguir diminuindo o número de escaneamento, adotando o critério de amostragem, porque a sensação e risco de percepção de possível fiscalização sem mantêm, isso é interno e a gente consegue evitar crimes transfronteiriços, só que para isso precisamos de um certo tempo para fazer essas gestões. Os veículos carregados vão conseguir ingressar a partir das 06h na segunda-feira, mas obviamente, se eles forem submetidos a Scanner terão que cumprir e se liberados vão poder se dirigir para o porto seco”, completou.

“O comércio exterior está bem ‘inflado’ na região, é um ambiente de negócios, empresários têm seus interesses, é favorável, mas o modal fluvial praticamente hoje está inutilizado pela seca do rio, e isso acabou saturando todo o modal rodoviário”, finalizou auditor chefe da Alfândega da Receita Federal em Corumbá.

Altura negativa

Na última quinta-feira, 21 de outubro, o rio Paraguai na régua de Ladário, está com altura negativa de 55 centímetros, 2 metros e 57 centímetros abaixo do nível normal para a época, de acordo com dados do Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste, órgão subordinado ao Comando do Sexto Distrito Naval. Colaborou Leonardo Cabral. 

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