Camila Brait anuncia aposentadoria e técnicos destacam importância de levar o vôlei a novas praças
A temporada nacional 2025/2026 do vôlei brasileiro começa neste sábado (18), em Campo Grande, com a decisão da Supercopa de Vôlei entre Osasco São Cristóvão Saúde e Sesi Vôlei Bauru, às 20h, no Ginásio Guanandizão. O torneio, que reúne os campeões da Superliga e da Copa Brasil, marca o início do calendário nacional, que deve começar na próxima segunda-feira (20), mas também simboliza reencontros, despedidas e novas fases no vôlei feminino.
O confronto entre Osasco e Sesi reacende uma rivalidade antiga. O Osasco venceu o Sesi Bauru nas duas competições classificatórias e, segundo o regulamento, se o campeão da Superliga e da Copa do Brasil for o mesmo clube, o vice herda a vaga, o que garantiu mais um duelo entre as equipes neste ano.
O técnico Henrique Modenesi, que já levou o Bauru a quatro finais de Superliga, destacou o equilíbrio. “O próximo jogo é sempre o mais importante. A gente vem de uma sequência positiva, mas o foco é no desempenho e na evolução da equipe. O caminho até o título é o que fortalece o grupo”, afirmou.
Do outro lado, o Osasco inicia um novo ciclo. O técnico Luizomar de Moura manteve a base campeã, mas o elenco ganhou caras novas. “Estamos em reconstrução. A Supercopa é um teste logo no início e mostra o ponto em que estamos. É um time com potencial e vontade de crescer”, disse.
Em quadra, a partida promete equilíbrio. O Osasco aposta na experiência de Camila Brait, líbero e capitã da equipe, e na regularidade da levantadora americana Jenna Gray. O Sesi confia no entrosamento da equipe e na liderança da levantadora Dani Lins, destaque do título paulista. “O retrospecto recente favorece o Osasco, mas final é 50 a 50. Cada time entra pra vencer”, resumiu Modenesi.
Brait confirma aposentadoria
Referência no Osasco e na Seleção Brasileira por mais de uma década, a capitã Camila Brait, 36 anos, confirmou que esta será sua última temporada como atleta. “Eu amo o vôlei e a rotina de treinos, mas tudo tem um ponto final. Depois dessa Superliga, quero cuidar da família e seguir novos planos”, afirmou.
Luizomar, que comanda a atleta do Osasco desde 2006, se emocionou com o anúncio. “A Camila é importante dentro e fora de quadra. Sempre esteve ao meu lado nos altos e baixos. É uma jogadora que representa o espírito do nosso time. Espero que ainda mude de ideia. Tenho uma temporada inteira para fazer a cabeça dela”, brincou.
Já a campeã olímpica em Londres 2012 e capitã do Sesi Bauru, Dani Lins, 40 anos, garantiu que segue motivada, mas reafirmou o fim do ciclo na Seleção Brasileira. “Meu tempo na Seleção acabou. Agora quero jogar por prazer. O que me move é o amor pelo vôlei e pelas pessoas que vão ao ginásio. Cada campeonato é especial”, afirmou.
A atleta destacou o entrosamento da equipe e a força da rivalidade com Osasco. “Mantivemos praticamente a mesma base, e isso ajuda. O Osasco é sempre um adversário forte. Cada confronto entre nós é uma história nova.”
Espelho para a nova geração
Na sexta-feira (17), técnicos e capitãs das duas equipes participaram de uma coletiva de imprensa na Capital sul-mato-grossense. O encontro teve a presença das atletas do Sesi Campo Grande, que disputam um amistoso contra o Sesi Três Lagoas, no domingo (19), antes da final masculina.
As jogadoras acompanharam as falas e puderam conhecer as ídolas. Entre elas estava Letícia Natália Gomes, 15 anos, ponteira do Sesi Campo Grande, que celebrou a oportunidade. “A gente vai dividir a quadra com quem a gente admira. Trazer esses jogos pra cá faz o vôlei crescer no Estado, que não tem tanto incentivo. É uma atmosfera diferente e estamos muito animadas”, disse.
Camila Brait conversou com as jovens e relembrou o início da carreira. “Comecei com nove anos, em Sacramento, no interior de Minas. Eu assistia às jogadoras da Seleção em fita VHS e tentava aprender. O vôlei me deu tudo o que tenho hoje. Sou grata por ter vivido tudo isso.”
Já Dani Lins, comentou a importância de levar o esporte a novas regiões. “Quando comecei, em Recife, não tinha oportunidade de assistir a grandes jogos. Só entendi o tamanho do vôlei quando saí de casa e fui para São Paulo, aos 15 anos. Estar aqui e ver meninas com esse brilho no olhar é especial. A gente sabe que é espelho pra elas.”
“Quando eu tinha 16 anos encontrei a Fabizinha, para mim, uma das maiores atletas que temos, e ela ficou 15 minutos conversando comigo. Nunca esqueci. Um gesto como esse muda o caminho de quem está começando”, contou Brait. Dani completou. “Esses encontros ficam pra sempre. Ver meninas com vontade e sonho é o que mantém o esporte vivo.”
O técnico Luizomar de Moura reforçou o papel do evento como incentivo à base e deixou um recado. “Sonhar pequeno e sonhar grande dá o mesmo trabalho. O esporte abre caminhos e ensina muito mais do que técnica, então aproveitem”, disse.
Por Mellissa Ramos