Sul-mato-grossenses representam o Brasil no Parapan de Jovens, no Chile

Foto: Divulgação
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Atletas e técnicos do Estado embarcam para Santiago a partir desta quinta-feira

A delegação brasileira que disputará os Jogos Parapan-Americanos de Jovens começa a embarcar nesta semana rumo a Santiago, no Chile, e Mato Grosso do Sul estará representado por seis atletas e dois técnicos. A competição acontece de sábado (1) até 9 de novembro e reunirá jovens de até 23 anos em 12 modalidades paralímpicas.

O Brasil contará com 120 atletas de 22 estados e do Distrito Federal. Entre eles, estão os sul-mato-grossenses Edivandro dos Santos Siabra e Lucas Gabriel Maciel Delmondes, do futebol PC (paralisados cerebrais), da escola AtivaMS, o judoca Gabriel Ferreira Rodrigues e Graziele Mendes Marques, do goalball, que representam o Ismac (Instituto Sul-Mato-Grossense para Cegos Florivaldo Vargas), e Ana Beatriz Magalhães Dias, única representante do atletismo, que compete pelo IEMA (Instituto Elisângela Maria Adriano), de São Caetano do Sul (SP). A delegação conta ainda com a bochista Clarice Farias Sobreira, nascida em Tauá (CE), mas representante da AtivaMS.

Gerson durante o mundial em Beijing -Foto: arquivo pessoal

O Estado também marca presença com profissionais técnicos e auxiliares do ISMAC. A professora Anne Talitha Almeida Ferreira Silva, foi convocada como auxiliar técnica do Judô, e o professor Leonardo Carlotto Ribas, no futebol de cegos.

O presidente da AtivaMS, Gerson Falcão Acosta, destacou o orgulho em ver três atletas da associação convocados. Segundo ele, o resultado é fruto de um trabalho de base realizado há mais de uma década, nas escolas e centros de reabilitação de Campo Grande. “É um reconhecimento de todo o esforço da nossa equipe e das famílias dos atletas. Muitos deles começaram nos projetos da rede municipal, e ver essa evolução até uma convocação é motivo de grande orgulho”, afirmou.

Gerson, que também é técnico e árbitro de bocha paralímpica, aprendeu o ofício ainda adolescente, influenciado pela mãe, a professora Belquice Falcão, pioneira do paradesporto em Mato Grosso do Sul. “Eu cresci acompanhando o trabalho dela com o basquete em cadeira de rodas. Foi vendo o impacto que o esporte tem na vida das pessoas com deficiência que escolhi seguir esse caminho. Esse ano, inclusive, tive a oportunidade, através da bocha, de viajar até a China com a seleção brasileira, no campeonato mundial”, contou.

Da escola à seleção

A AtivaMS surgiu em 2012 e, desde então, atua na formação e no desenvolvimento de atletas com deficiência. Hoje, a entidade soma cerca de 150 associados e mantém atividades regulares em cinco modalidades: bocha, futebol PC, atletismo, tênis de mesa e basquete em cadeira de rodas.

Boa parte dos atletas é descoberta em projetos escolares, como explica o professor. “Como coordenador dos programas de esporte adaptado da Semed, consigo acompanhar de perto o desempenho de alunos com deficiência. É nas escolas e nos festivais paralímpicos que surgem os novos talentos”.

A associação mantém parcerias com instituições como Apae, a Associação Pestalozzi e o Supera, de Sidrolândia, além de receber apoio da Prefeitura e do Governo do Estado com espaços para treinamento. Mesmo assim, o professor reforça que a falta de estrutura ainda é um obstáculo. “Nós usamos espaços emprestados e materiais próprios. Não temos um centro de treinamento de verdade. Para esses atletas que estão em seleção brasileira, especialmente, nós estamos tentando adquirir materiais de qualidade, pois estar dentro de uma seleção é estar no alto nível, e se você não tem uma preparação, material adequado, não consegue se manter e buscar melhores resultados.Tudo é feito com muito esforço e trabalho voluntário.”

Os embarques dos sul-mato-grossenses para o Chile ocorrem entre 30 de outubro e 5 de novembro, conforme o calendário do CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro). Nesta quinta-feira (30), é a vez do atletismo, tiro com arco e basquete em cadeira de rodas 3×3. A bocha e o futebol PC viajam no sábado (1), e o judô, na próxima quarta-feira (5).

A competição conta ainda com disputas de tênis de mesa, basquete em cadeira de rodas 5×5, tênis em cadeira de rodas, futebol de cegos, vôlei sentado e halterofilismo. A preparação, segundo Gerson, foi intensa. “Dobramos os horários e dias de treino, buscando que esses jovens cheguem preparados. Eles estão prontos para competir de igual para igual com qualquer país”, afirmou.

Mais que medalhas

O professor acredita que o desempenho no torneio pode fortalecer o paradesporto de base no Estado e cobrar mais atenção do poder público. “O esporte paralímpico ainda vive de sobras. Quando chega a vez do paradesporto, não há recursos. Nossos professores viajam voluntariamente e muitas vezes pagam substitutos do próprio bolso. Esperamos que resultados como esse despertem o olhar dos governantes.”

Além de buscar pódios, Gerson vê a participação nos Jogos como uma oportunidade de transformação. “O esporte muda vidas e famílias. Cada convocação representa o esforço de muita gente, de rifas, macarronadas e campanhas para arrecadar fundos. Quando o atleta entra em uma seleção, é a prova de que todo esse trabalho valeu a pena”, concluiu.

Por Mellissa Ramos

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