Falta de times no cenário nacional acelera êxodo de torcedores para os principais clubes do país
A falta de destaque dos times de Mato Grosso do Sul no futebol nacional faz com que jovens torcedores encontrem ídolos em times de outros estados, que se destacam no cenário nacional, como Flamengo, Corinthians e São Paulo, os quais têm grandes
nomes como o atacante Gabigol, o goleiro Cássio e o meia Hernanes.
Na série sobre o cenário do futebol sul-mato-grossense publicada pelo jornal O Estado, desta vez a reportagem conversou com jornalista, garotos de escolinhas e torcedores, sobre a falta de identidade da população local com os times da terra.
Segundo Paulo Vinícius Coelho, mais conhecido como “PVC”, esse problema de os torcedores não apoiarem os clubes da região é algo que existe há anos. “Você pertence a um lugar, esse lugar a que você pertence tem um time de futebol importante? Se ele tem um time de futebol importante, você vai torcer por esse time e para outro. Um exemplo disso é o Flamengo em Manaus. A maior torcida de Manaus é Flamengo, e isso vem dos anos 50. É um fenômeno antigo. Nos anos 70, o futebol do Amazonas chegou a ter força com o Nacional, mas mesmo assim a maior torcida era do Flamengo. O Nacional era importante, mas tinha a
segunda maior torcida”, disse o jornalista, que é comentarista do SporTV e blogueiro do Globo Esporte, na sexta-feira (23), por telefone.
Para reverter essa situação, PVC indica que os clubes devem trabalhar duro. “A única saída é trabalho, as pessoas no Brasil não acreditam nisso, mas é a realidade. Até 1986, os Estados indicavam seus representantes de acordo com o ranking, então Mato Grosso do Sul tinha o campeão estadual, igual a todos os estados que iam para o Nacional”, lembra. “A partir de 88 [um ano após a criação das divisões no futebol nacional] você precisava ter um fortalecimento de todos os campeonatos estaduais ou do Campeonato Brasileiro. O Nacional se fortaleceu e os regionais perderam a força”, argumenta.
Para ele, o Cuiabá pode virar o “time do CentroOeste”, porque foi adotado pelo Estado com uma estrutura menos estadual e mais nacional. “O Estado de Mato Grosso ‘encorpou’ dois times em um só. Deixou o Dom Bosco e o Misto e se dedicou ao Cuiabá. E está aí o resultado”, disse. O Dourado jogará este ano a Série A.
Diferente do vizinho, Mato Grosso do Sul não dedica os recursos em apenas um time. A Fundesporte (Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul) distribui anualmente uma verba aos clubes para custeio de transporte e alimentação.
(Texto: Alex Nantes)
