O Campeonato Paulista volta amanhã (22), com quatro partidas e uma tensão no ar por causa da Covid-19. A retomada do Estadual em meio à pandemia coloca os atletas em risco e nem mesmo a Federação Paulista de Futebol (FPF) garante 100% de eficácia das orientações que elaborou, ainda que confie no contrário.
Quando os titulares de Corinthians e Palmeiras subirem ao gramado da Arena na noite de amanhã (22), ninguém saberá com certeza se os 22 atletas estarão livres do coronavírus. O mesmo vale para todos os outros 15 jogos previstos para o encerramento da primeira fase do torneio, além das finais. Isto também vale para os jogadores reservas, comissão técnica e qualquer outro envolvido na retomada do Paulistão.
Segunda-feira (20), em videoconferência com representantes da FPF, alguns médicos de clubes do Paulistão manifestaram insegurança quanto ao retorno dos jogos. O argumento é o de que o ponto de vista médico não foi levado em consideração para a volta nesta semana e que as datas foram debatidas somente entre cartolas, não entre os médicos dos times. A Federação reforça que o retorno contou com 15 votos a favor – apenas o Botafogo-SP foi contra.
A incerteza parte dos próprios testes de Covid-19. Os resultados demoram até três dias para sair, algo comum na pandemia como um todo, mas que no futebol pode culminar em um atleta jogar contaminado, mesmo tendo testado negativo dias antes. Há ainda situações de risco, como na concentração e no deslocamento para ir e voltar dos jogos.
A FPF se dispôs a testar todo o mundo, é verdade, mas nem assim consegue garantir um Estadual livre do coronavírus. Na prática, ninguém seria capaz de fazê-lo neste momento da pandemia em São Paulo.
“Gostaria de dizer que temos 100% de certeza [quanto à proteção dos envolvidos], mas não é verdade”, reconhece Moisés Cohen, presidente da Comissão Médica da Federação. “Espero que sejam 90%, 95% ou até 98%. Isso é o que espero, mas não tem como ser mais do que isso.”
(Texto: João Fernandes com Uol)