O jogo de ida da final do Campeonato Sul-Mato-Grossense de Futebol Sub-20, entre Operário Caarapoense e Dourados, terminou em empate e confusão no Estádio Carecão, em Caarapó, no último sábado (17). Dentro de campo, antes dos 12 minutos iniciais, a rede balançou uma vez para cada lado, mas dois gols foram anulados.
Mas a confusão começou mesmo depois do apito final, quando jogadores dos dois times iniciaram um bate-boca e ‘empurra empurra’ ainda no gramado. Eles foram contidos por companheiros de time e pela equipe de segurança, contratada pelo time mandante, Operário.
Policiais militares também estavam no campo, quando jogadores dos dois lados passaram a se cumprimentar e trocar abraços. Na saída para o vestiário, Matheus, camisa 9 do Caarapó, foi em direção à atletas do DAC e foi contido por colegas.
O técnico do Dourados, Mateus Sabatine, estava entre os jogadores quando recebe um empurrão de um segurança. A câmera da transmissão não mostra com clareza o que acontece logo depois, mas é possível ver que começa uma “conversa” acalorada.
A situação parece apaziguar, quando os times se encaminham para dentro dos vestiários, mas segundos depois é possível ver o técnico do Operário, Fernando, discutindo com um dos seguranças e jogadores do time empurrando dos profissionais.
Nesse momento integrantes da equipe de segurança partem pra cima de jogadores, enquanto é possível ouvir pessoas próximas dizendo “Esse segurança é louco, batendo no jogador de vocês lá, o goleiro”, diz alguém da comissão técnica do DAC.
Pouco tempo depois, na entrada do vestiário, um dos seguranças diz algo para o técnico da equipe douradense, que sai em direção ao campo, e é golpeado pelas costas na cabeça com um cacetete. Sabatine cai no gramado e é possível ver sangue na parte direita da cabeça.
O segurança alegou que foi xingado pelo técnico, com frase racista “seu macaco”, disse ele após a pancada. A Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS) disse que “a organização, planejamento e segurança da partida é de responsabilidade do clube mandante”, no caso, o Operário.
“Lamenta e repudia qualquer tipo de violência e esclarece que irá encaminhar os fatos para conhecimento do Tribunal de Justiça Desportiva no sentido de que sejam tomadas as providências cabíveis”, informou a FFMS.
A empresa de segurança privada contratada alegou em nota que os profissionais agiram em conformidade com os protocolos de segurança para conter a situação, “empregando o uso progressivo da força, incluindo o uso de spray de pimenta”.
Sobre a agressão ao técnico, a Caarapó Segurança Privada afirmou que o vigilante está devidamente autorizado a exercer suas funções, com Certificado Nacional de Vigilante (CNV) atualizado. E reforçou a acusação de racismo.
“Um de nossos vigilantes foi alvo de uma injúria racial proferida pelo treinador do time de Dourados. Em um momento de tensão, o vigilante teria reagido a essa agressão desferindo um golpe com o cacetete”, destacou.
Ainda em nota, a empresa assegurou que o caso também está sendo tratado pelas autoridades policiais e que seguirá cooperando integralmente.
O clube mandante publicou uma nota de repúdio nas redes sociais afirmando que repudia “todo e qualquer ato de violência e também de racismo e discriminação”.
“Esperamos que atos como esse não se repitam, que o fato seja investigado e que sejam tomadas as providências cabíveis”, pontuou.
Também pelas redes sociais o DAC informou que a equipe do Corpo de Bombeiros da cidade prestou socorro ao técnico, que foi levado ao Hospital São Mateus, em Caarapó. Ele teve uma lesão cortante de aproximadamente 4cm de diâmetro na região direita do crânio, corte suturado com cinco pontos.
“Pela agressão covarde foi confeccionado um boletim de ocorrência na polícia civil de Dourados, que agora fica responsável pela averiguação dos fatos e encaminhamentos na esfera criminal ao agressor”, completou.
Na sequência da agressão à Sabatine, a câmera da transmissão filma jogadores do Operário acusando outro segurança de ter agredido um dos atletas do time. A informação não foi confirmada.
Com ge MS
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