O Ginásio Poliesportivo Avelino dos Reis, o popular Guanandizão, voltará a trilhar o caminho dos grandes eventos esportivos e culturais, graças ao projeto de reforma geral e adequação realizado pelo Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, junto à Prefeitura Municipal de Campo Grande. Pela principal praça coberta da Capital já passaram atletas de renome, além de inúmeros artistas do cenário da música nacional e internacional.
Lançado em 1984 pela gestão do então governador Pedro Pedrossian, o “templo” símbolo do esporte sul-mato-grossense é conhecido até hoje por seu formato imponente, semelhante a um disco voador que, mesmo de longe, chama atenção aos olhos de quem transita pela avenida Ernesto Geisel, na região da Vila Nhanhá.
O Guanandizão ficou inativo por sete anos. Após vistorias, o Corpo de Bombeiros Militar, em 2013, constatou falhas no sistema hidráulico e falta de estrutura de controle e prevenção de incêndio. A última apresentação, no mesmo ano de interdição, foi o show do cantor Roberto Carlos.
O ginásio é parte elementar da história esportiva nestes 121 anos de emancipação de Campo Grande. Mais do que atrair eventos de relevância nacional e internacional, o Guanandizão por muitos anos propiciou suporte infraestrutural a clubes e atletas, por possuir principalmente vestiários e alojamentos com capacidade para cerca de 100 pessoas.
A ordem de serviço para a reforma do Guanandizão foi assinada entre o governador Reinaldo Azambuja e o prefeito de Campo Grande, Marcos Marcello Trad, no dia 31 de janeiro de 2019. Inicialmente orçado em R$ 2,387 milhões, o projeto de execução e requalificação de espaços internos e externos do complexo foi licitado em R$ 1,881 milhão – economia superior a meio milhão de reais.
Na parte interna, onde ocorrem as principais atrações do complexo e é capaz de comportar 8.240 pessoas, a quadra foi preparada com materiais de alta tecnologia, que acompanham palcos esportivos de ponta pelo mundo: revestimento com piso emborrachado de poliuretano em elastômeros duráveis e adesivos de alto desempenho, além de pisos de taco ao redor.
Ligas das nações em 2021
Um evento, com data definida, que movimentará a economia é a Liga das Nações de Voleibol. O avanço da pandemia de Covid-19 impossibilitou a realização de etapa do torneio internacional neste ano, cancelada em maio pela Federação Internacional de Voleibol (FIVB, na sigla em inglês). O megaevento, com as seleções masculinas de Alemanha, Brasil, Itália e Rússia, estava agendado para acontecer entre os dias 19 e 21 de junho e marcaria a reabertura da praça esportiva.
Todavia, o governador Reinaldo Azambuja assegurou a intenção de sediar a Liga em Campo Grande em 2021. Os jogos ocorrerão de 4 a 6 de junho. A FIVB, por intermédio da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), já havia priorizado a Capital sul-mato-grossense para receber a competição.
O chefe do Executivo estadual também reiterou o compromisso do convênio firmado junto à CBV, via Federação Estadual de Voleibol (FVMS), com repasse de R$ 1,3 milhão de recursos próprios para custear o torneio.
Para o relançamento do Guanandizão ainda em 2020, há expectativa em trazer a Supercopa Brasileira de Voleibol, organizada pela CBV, que coloca frente a frente os campeões da Copa Brasil e os vencedores da atual edição da Superliga Banco do Brasil. As datas previstas pela entidade nacional são 30 de outubro (masculino) e 6 de novembro (feminino), com cobertura televisiva.
Presenças ”de peso”
O público sul-mato-grossense lotou o ginásio em 2004, quando a seleção brasileira masculina de vôlei fez sua última apresentação em Campo Grande, contra Portugal, pela Liga Mundial (hoje, Liga das Nações). A torcida foi ao delírio e apoiou o Brasil em dois confrontos, ambos vencidos com certa tranquilidade pela equipe comandada pelo técnico Bernardinho, por 3 sets a 0, com duração de aproximadamente uma hora cada.
Brasil e Itália enfrentaram-se, em partidas amistosas, cinco anos depois, nos dias 17 e 19 de dezembro, na Capital, com entrada franca. Desta vez, no handebol, com dois duelos válidos pelo Desafio Petrobras de Handebol Masculino. No primeiro confronto, vitória dos europeus por 30 a 28 e empate em 26 gols no segundo jogo. Este foi o último compromisso da seleção olímpica brasileira em 2009, após terminar o Mundial, realizado na Croácia, em janeiro, na 21ª colocação. O Desafio também serviu de preparação para o Campeonato Sul-Americano do ano seguinte.
Não são só as modalidades coletivas que já ocuparam e movimentaram o principal Poliesportivo da Capital dos Ipês. A etapa classificatória do Troféu Brasil de Ginástica e o Circuito Caixa de Ginastica Artística e Rítmica levaram quase duas mil pessoas às arquibancadas, de 27 a 30 de maio de 2010.
Na quadra, os eventos reuniram grandes nomes da ginástica olímpica, tais como Diego Hypólito, Mosiah Rodrigues, Arthur Zanetti, Sérgio Sasaki, Daniele Hypólito, Jade Barbosa, Ethiene Franco e Khiuani Dias. Já na rítmica, presenças de Elaine Sampaio, Rafaela Costa, Anita Klemann, Ana Paula Scheffer e Angélica Kvieczynski.
O som do hit “Não se reprima”, o ginásio Guanandizão recebeu milhares de fãs em 1985, que acompanharam o show do Menudo, grupo musical porto-riquenho de pop latino que virou “febre” na década, especialmente nas Américas. A apresentação da boyband estrangeira em Campo Grande, cujo quinteto era composto por Robby Rosa, Charlie Massó, Roy Rosselo, Ray Reyes e Ricky Meléndez, é recordada com alegria e nostalgia por uma geração de pessoas que, hoje, tem entre 35 e 55 anos de idade.
Outras atrações musicais ficaram marcadas na história, com shows de artistas renomados do cenário nacional. A solenidade de abertura do ginásio em 1984, por exemplo, contou com a participação de Rita Lee e Alceu Valença. Por ali também passaram Legião Urbana, Titãs, Xuxa Meneghel, Amado Batista, além das festas de Carnaval promovidas na cidade. Arrastando uma multidão de seis mil vozes, o cantor Roberto Carlos foi o último a se apresentar no local, antes da interdição, em novembro de 2013.