O esporte tem sido afetado em decorrência da multiplicação de casos do COVID-19. Com isso, atletas e treinadores têm se desdobrado para se adequarem as novas rotinas. Em entrevista ao jornal O Estado nesta segunda-feira (23), Daniel Sena, treinador de atletismo há treze anos e que atua no paradesporto, falou como as novas rotinas tem atingido a categoria.
“Em um período como este temos que ser extremamente cuidadosos principalmente com os paratletas. O cuidado é muito importante no que diz respeito a imunidade dos competidores que necessitam de maior atenção”, pontua Sena.
De acordo com o treinador, o panorama exige que os atletas realizem apenas atividades direcionadas, e que estas sejam feitas dentro de casa, a fim de evitar possíveis aglomerações. “Alguns atletas tem me ligado, perguntado se podem ir ao parque para correrem 10, 15 minutos, digo que sim, entretanto, se nestes ambientes existirem aglomerações, de nada adianta. Recomendo que façam os exercícios em casa”, coloca o treinador.
“Polichinelos, trabalhos com corda, fortalecimento, são algumas atividades que os atletas podem realizar a fim de não perderem o condicionamento físico”, fala o técnico. Sena ilustra alguns trabalhos que os esportistas podem realizar mesmo reclusos. “Deslocamentos com elevação de joelho, de calcanhar, corridinhas laterais; utilizar garrafinhas com peso para realizar os trabalhos de joelho, musculatura; para os lançadores realizar trabalhinhos de tríceps, bíceps, apoios onde o atleta coloca o peso do seu corpo no braço realizando trabalhos de extensão e flexão. Levar as mãos à ponta dos pés por trinta, quarenta segundinhos, justamente para não perderem condicionamento”, explica o técnico.
Por fim, o professor afirma que em um período atípico como este, paratletas ou não, os esportistas devem atentar-se aos esforços realizados durante os exercícios a fim de não se desgastarem demasiadamente e prejudicar o sistema imunológico. “Peço que realizem no máximo trinta minutinhos de atividades por dia; se cuidem e me deem o feedback das atividades à distância”, conclui Sena.
Atleta do salto em distância na categoria T12, voltada para atletas com baixa visão, Evelen Xavier, 28 anos, falou também nesta segunda sobre as dificuldades em manter uma rotina de treinamento. “Faço o que consigo em casa, ou na rua dependendo do local, nem academia tem aberta. Como eu moro em condomínio, consigo realizar algumas atividades, correr em casa mesmo”, relata Evelen.
Segunda colocada no ranking nacional da categoria em 2019, e professora de educação física, Evelen fala em como a profissão tem servido de suporte neste momento. “Além das atividades encaminhadas pelo professor Daniel, consigo me virar sozinha pois a profissão me ajuda nessas horas”, coloca a atleta.
Na natação, a ausência das piscinas restringe as atividades
Maristela Amaral, treinadora da equipe de submersos de Campo Grande, disse à reportagem, que as atividades na modalidade estão paralisadas. “Como atuo no paradesporto, as atividades direcionadas são restritas pois alguns atletas possuem limitações muito específicas”, relata Maristela.
Desde 2011 à frente da equipe, esta com 35 atletas, a treinadora disse trabalhar com um público grande. “Trabalho com alunos de limitações visuais, intelectuais, físicas, cadeirantes e amputados. Direcionar algo nesse momento sem o auxílio da piscina é bastante delicado. Indico apenas treinos funcionais a equipe”, coloca a treinadora.
(Texto: Alison Silva)