Depois da Secretaria Especial da Cultura ser transferida para o Ministério do Turismo, a cúpula da Secretaria Especial do Esporte já dá como muito provável que a pasta também seja transferida. A dúvida é para onde. Os ministérios da Educação, da Casa Civil e do Turismo aparecem como mais bem cotados. Com isso, chegaria ao fim o Ministério da Cidadania como ele foi desenhado.
Trata-se de um complexo jogo de tabuleiro, sobre o qual incidem a influência de diversos grupos políticos que transitam em torno da cúpula do Executivo em Brasilia e, principalmente, a imprevisível estratégia do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que recentemente nomeou Roberto Alvim como secretário de Cultura, no Ministério do Turismo, depois que esse ganhou notoriedade por ofender a atriz Fernanda Montenegro.
A montagem do Ministério da Cidadania, no fim do ano passado, para começar a valer com a chegada de Bolsonaro ao poder, já não seguia muita lógica. Debaixo do guarda-chuva do novo ministério ficaram as atribuições que antes eram dos ministérios do Esporte, da Cultura e do Desenvolvimento Social, que não têm muitas intersecções. E, para comandar a nova pasta, a escolha foi pelo deputado federal gaúcho Osmar Terra (MDB), médico, com pouca familiaridade com as áreas.
No esporte, é praticamente consenso que a decisão deu errado. Primeiro porque não coube a Terra, e a sim aos militares, apontar o secretário especial de Esporte. O general Marco Aurélio Vieira foi o escolhido e saiu três meses depois reclamando da má-vontade de Terra em nomear seus indicados. Acabou substituído por outro general, Décio Brasil, que pegou uma equipe já escalada.
Há mais de seis meses no cargo, porém, não conseguiu emplacar nenhum projeto. A Autoridade de Governança do Legado Olímpico (AGLO) acabou no início de julho, não foi renovada, e o plano apresentado pela Secretaria Especial do Esporte para dar uma solução ao cada vez mais popular “largado olímpico” está engavetado desde então. Para piorar, o orçamento para o ano que vem destina muito pouco dinheiro para atividades e integrantes do alto escalão sabem que o trabalho será, cada vez mais parecido com o de um coveiro.
Osmar Terra, que não reclamou de ver a Secretaria de Cultura ir embora, também não faria qualquer objeção a “perder” o Esporte, na visão de diversas fontes do Olhar Olímpico.
Enquanto isso, o Esporte já teria sido oferecido ao Ministério da Educação. Na semana passada, a revista Crusoé noticiou que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, já deixou claro ao governo que não quer o Esporte sob seu guarda-chuva. (Uol)