Gostinho de cocada e saudade

Rafael Ribeiro

Chamando pelo nome, Luis Edmundo Lucas Correa, ninguém provavelmente saberá quem é. Mas basta mencionar o apelido, Cocada, que, pelo menos, os torcedores de Flamengo e Vasco se recordarão. Atualmente com 60 anos, Cocada é o representante da família mais famosa de esportistas da Capital. 

Cocada é irmão do atacante Muller, que fez muito sucesso no São Paulo nos anos 80 e 90 e foi campeão mundial em 1994 pela seleção brasileira. O ex-lateral é muito lembrado pela torcida vascaína, já que fez o gol do título carioca, sobre o Flamengo, em 1988.

Ele era reserva do gaúcho Paulo Roberto e foi colocado no lugar do ponta-direita Vivinho, já no final da partida. Depois de marcar o gol, Cocada correu em direção ao banco de reservas do Flamengo, provocou o técnico adversário e foi expulso. “Foi um desabafo, mas o mais importante mesmo acabou sendo o título do Vasco”, comenta o ex-lateral, que cinco anos antes tinha passado meteoricamente pela Gávea.

futebol

Aquele foi o maior momento de Cocada no futebol que ele aprendeu a amar na Capital uma década antes. Como uma estranha ironia, nos tempos em que a cidade  era de interior, seus dois maiores expoentes dos gramados, Operário e Comercial, revezavam-se na primeira divisão e traziam dificuldades à vida dos times grandes.

“Campo Grande sempre teve pessoas muito apaixonadas pelo esporte, que tinha condições e por isso investia”, disse.

Atualmente, com os times enfrentando dificuldade até mesmo para organizaram um campeonato estadual decente, Cocada reitera que a saudade é o maior dos sentimentos quando se refere a Campo Grande. Pelo que a cidade viveu no quesito esportivo naqueles tempos, pelo entusiasmo da torcida. “O campo-grandense ama futebol e tenho certeza que apoiaria uma equipe local na primeira divisão. A gente tem que olhar o Cuiabá como exemplo”, disse, referindo-se ao time da capital do estado vizinho, que este ano disputa a primeira divisão do Campeonato Brasileiro.

Cocada é o único dos irmãos que optou por continuar morando na Capital. Diferente do irmão mais famoso e do mais velho, também conhecido como Muller, campeão brasileiro de 1977 pelo São Paulo. Aqui liderou um projeto para crianças carentes e trabalhou na formação de atletas. De maior destaque teve o Jean, ex-São Paulo e Palmeiras.

“Existe muito talento por aí que poderia ganhar uma oportunidade. Eu amo essa cidade e vejo com muita tristeza o fato de se darem a atenção que o futebol precisa aqui. Paramos no século passado”, disse.

Confira o caderno de Aniversário de Campo Grande neste link.