Ex-jogadora Waleska ergueu taça de Supercopa pelo Praia Clube diante do Flamengo, em Campo Grande
Há quase três anos, Walewska Moreira de Oliveira, falecida na quinta-feira (21), esteve em Campo Grande. Na época, aos 41 anos, a então meio de rede realizava suas últimas atuações como jogadora.
Pelo Praia Clube-MG, medalha de ouro em Pequim 2008, e bronze em Sydney 2000, a mineira de Belo Horizonte veio a Mato Grosso do Sul. Em plena pandemia de covid-19, sua equipe pisou na quadra do ginásio Guanandizão, para a disputa da Supercopa Feminina, em uma sexta-feira, 6 de novembro.
A taça decidida em jogo único envolveu, do outro lado, o Flamengo-RJ, cujo nome de maior peso ocupa o banco de reservas, o técnico Bernardinho. Multicampeã pela seleção e por clubes, Walewksa fez parte do elenco que tinha Claudinha, Martinez, Fernanda Garay, Anne, Suelen, Monique, Mari Paraíba, Michelle e Carol, esta última, uma das principais peças da atual equipe nacional, dirigida por José Roberto Guimarães. Seu auxiliar, Paulo Coco, já era o treinador do time de Minas Gerais
Diante de um seleto público, por motivos de saúde, apenas 600 pessoas convidadas pelos organizadores presenciaram in loco a decisão vencida pelo Praia, por 3 sets a 1 (25/16, 23/25, 25/21 e 25/18).
Na ocasião, Walewska teve a incumbência de receber o troféu da equipe campeã. Uma das melhores centrais do vôlei feminino encerrou a carreira em 2022, praticamente dois anos após sua passagem pela capital sul-mato-grossense.
Uma semana antes dos jogos entre as mulhres, dia 30 de outubro, também em Campo Grande, o Taubaté-SP superou o Cruzeiro-MG por 3 sets a 2 e comemorou o título da Supercopa Masculina
‘Tenho pelo menos mais 40 anos’
A ex-jogadora de vôlei morreu na quinta-feira (21), aos 43 anos, em São Paulo (SP). A causa da morte não foi informada. Aposentada desde 2022, a campeã olímpica estava na capital paulista para divulgar seu livro, “Outras Redes”.
Em sua última entrevista, no podcast “Ataque Defesa”, do jornalista Alê Oliveira, a ex- -jogadora falou sobre o futuro longe das quadras e a importância de planejar e aprender outras coisas. “Eu tenho pelo menos mais 40 anos de vida produtiva. É um mundo inteiro que você tem que pensar quando está dentro da quadra”, disse
A morte foi confirmada pela Dentil/Praia Clube, de Uberlândia (MG), última equipe da jogadora. “Líder dentro e fora das quadras, a campeã olímpica mudou o patamar da equipe Dentil/Praia Clube e juntos trilhamos o caminho das glórias”, diz nota divulgada pela equipe. “O vôlei brasileiro e a comunidade esportiva perderam uma verdadeira lenda e nossos pensamentos estão com a família e amigos, neste momento difícil.”
A CBV (Confederação Brasileira de Voleibol) lamentou a morte. “Walewska era uma jogadora especial, sua trajetória no esporte será para sempre lembrada e reverenciada. Neste momento tão difícil, a CBV se solidariza com a família e os amigos desta grande jogadora”, disse o presidente Radamés Lattari. O Dentil/Praia Clube eternizou a camisa número de 1 de Wal, como a atleta era chamada. Depois da aposentadoria dela, ninguém mais usa a numeração.
Na biografia “Outras Redes”, a ex-jogadora contou que viajou pelo mundo e enfrentou barreiras como jogadora de vôlei. “Mudei a vida da minha família e plantei a semente da confiança no trabalho árduo dentro do coração do meu país”, escreveu.
Após deixar o vôlei, Walewska era consultora nos temas liderança e alta performance. Bicampeã olímpica, Paula Pequeno jogou ao lado de Walewska e escreveu um longo texto de despedida para a amiga, dizendo que ela era obstinada e um exemplo de disciplina, força e inteligência
“Você sempre foi uma líder, um exemplo para a nossa geração e para todas as outras que vierem. Só quem esteve em 2008 sabe da sua importância para realizar aquele feito”, afirmou. “Aliás, as 12 são as mulheres mais admiráveis da minha vida e acabamos de perder uma das maiores”. (Com Cristina Camargo, UOL/Folhapress)
Por Luciano Shakihama – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul
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