Passada uma semana da abertura dos Jogos Parapan-Americanos em Lima, no Peru, os sul-mato-grossenses seguem acumulando medalhas. Dos 14 nomes naturais no Estado, quatro já subiram ao pódio em suas categorias. Foi um ouro no judô, dois ouros e dois bronzes no atletismo. As vitórias aconteceram durante o domingo (25), terceiro dia de competições.
A dourada do judô veio com camapuanense Luan Pimentel, 21 anos, na categoria leve (73 kg). Para vencer, derrotou adversários da Argentina, Colômbia, México e Estados Unidos na classificação B3, em que lutam os deficientes visuais que conseguem definir imagens. O judoca treina atualmente no ISMAC (Instituto Sul-Mato-Grossense Para Cegos Florivaldo Vargas), na Capital.
A conquista pode significar um degrau a mais para uma convocação para as Paralimpíadas de Tóquio, em 2020. “A medalha me mostrou que estou no caminho certo como atleta. Ainda tem cinco competições até ano que vem, só depois vamos saber se vou para Tóquio. Então a vaga ainda não está conquistada e nem perdida. Só tenho que continuar evoluindo.
Um dos ouros veio com Gabriela Mendonça, no salto em distância T11/T12, classe para deficientes visuais. A atleta não só conquistou a medalha, mas bateu recorde na prova. Com 5.34 metros, ela estabeleceu a melhor marca parapan-americana da história. No mesmo dia, David Wilker de Souza, levou o bronze nos 400m T13, com a marca de 51.54.
Não satisfeito com uma, Yeltsin Jacques levou duas medalhas. O atleta que possuí apenas 0,5% de visão conquistou o ouro nos 1.500 metros. “Consegui ver o reflexo de quando fui ultrapassado um pouco antes. Ouvi gritarem ‘vai que dá’ e acreditei. Eles travaram no final e eu cheguei girando as pernas […] Fiquei sabendo que ganhei porque perguntei depois, não sabia o que tinha acontecido”, disse em entrevista ao O Estado de São Paulo.
Nos 5.000 metros, ele viu a vitória escapar na última reta da prova. Seu atleta guia, Rafael Santaremo, sentiu a pressão da estreia e passou mal. Com isso, a dupla teve que diminuir o ritmo e chegou em terceiro.
Na Capital, técnico de atletismo se emociona ao falar de seus ”filhos”
A trinca campeã do atletismo é de Campo Grande, embora nenhum deles treine mais no Estado. Quem lapidou duas das três pedras brutas da modalidade foi Daniel Sena, ex-atleta e técnico com passagem pela Seleção Brasileira. Eles entraram para um projeto na Escola Estadual Manuel Bonifácio, em 2012, e seguiram com ele até 2016.
Ele fala emocionado sobre a dupla. “Não tem gratificação melhor do que acompanhar a evolução deles, principalmente através da TV, no alto do pódio. Eles sempre foram talentosos, só faltava uma lapidada. A vontade de crescer deles sempre me chamou atenção. Todos os dias converso com eles e seus técnicos para saber como estão. Mesmo fora, eles tem um carinho muito grande por mim”, diz.
Ele conta que treinava os dois em uma pista de terra e, muitas vezes, tinha que levar comida para eles em cima da moto. Além de tudo, sofria junto o preconceito. “São crianças que sempre conviveram com piadinhas dos colegas. A Gabriela ainda tinha um problema no ouvido, com uma secreção que não tinha um cheiro agradável e as pessoas tiravam sarro dela. Hoje você vê ela bonitona, sendo a melhor da América é um orgulho”, conta.
Seleção de 7 segue na disputa pelo título em Lima
Outros nomes que saíram de Mato Grosso do Sul são os meninos do Futebol de Sete. Os atletas Hebert Oviedo, Heitor Camposano, Leonardo Morais e Wesley Ferreira acompanhados do auxiliar técnico Marcos Ferreira, compõe a Seleção Brasileira.
Na estreia, que aconteceu sábado (24), o time venceu a inexperiente seleção peruana por 10×0. No dia seguinte, a equipe se encheu de moral após vencer a Argentina por 2×0. Segunda-feira (26), enfrentou a Colômbia por 4×0. Ontem (28) encarou os Estados Unidos, com resultado não divulgado até o fechamento da matéria. Hoje (29), jogam contra a Venezuela.
O Brasil segue na liderança isolada do quadro de medalhas. Até o fechamento desta edição, os canarinhos conquistaram ao todo 59 ouros, 53 pratas e 34 bronzes, totalizando 160. Disparado atrás estão os Estados Unidos, com 110, e o México, com 95. (Danielle Mugarte)