A reportagem do jornal O Estado conversou com os ‘hermanos’ para entender o que ‘Don Diego’ representa, não apenas no futebol, mas para o povo argentino
Longe da Argentina, os hermanos que adotaram Campo Grande para viver não esconderam a comoção com a perda de Don Diego Armando Maradona. Ídolo máximo do país vizinho, sua despedida aos 60 anos pegou de surpresa os fãs que de alguma maneira viam nele a exemplificação máxima do que é ser argentino.
“Morreu o melhor de todos. Sem sombra de dúvidas eu, como todos os argentinos, estamos chorando muito a sua perda”, disse o comerciante Ramón Galeano, 56 anos, há mais de 40 na Capital.
Sua casa virou ponto de referência para a imprensa local todas as vezes em que a Argentina entrava em campo pela Copa do Mundo. E em todas Galeano recepcionava os convidados com uma bandeira do país natal estampada com o rosto do ‘Pibe de Ouro’. Um amuleto que a partir de agora será guardado com ainda mais zelo visto que não deu tempo do comerciante conseguir o troféu máximo de sua vida: uma foto com o eterno camisa 10.
“Sentiremos tua falta a apesar de não entrar em campo com nossa albiceleste, sempre nas copas não víamos a hora dele aparecer, nem quê seja na arquibancada para fazermos festa com tua presença. Nós temos orgulho dele ser argentino”, completou Galeano.
A juíza de paz Maria Florencia Saves, 33, 27 deles no Brasil, ressalta a tristeza que a perda de Maradona causou entre seus parentes que ainda moram na Argentina. “É a mesma situação de quando os brasileiros perderam o Ayrton Senna”, disse a magistrada, que recorda da vez em que encontrou uma das filhas do ‘Pibe’ em uma balada no país vizinho.
“Estava em uma boate com amigos e reconhecemos a Giannina (casada com o atacante Aguero, do Manchester City). Ela foi muito simpática e a noite foi inesquecível”, completou.
No espaço para o luto, há espaço até para quem escolheu ser argentino. O visual levou o cabeleiro Alisson Bruno da Silva, 30, a ser chamado de argentino pelos amigos de faculdade. A coisa ficou tão séria que ele adotou o apelido à risca, inclusive nomeando sua barbearia com o gentílico. Nas postagens nas redes sociais, muitas delas são de futebol, sempre enaltecendo o jogo do país vizinho que, segundo ele, a partir de agora será mais triste.
“Maradona era a exemplificação máxima do estilo de jogo argentino, do estilo de vida. Sua perda é muito triste. Eu tive que me segurar para não chorar. Cresci vendo o cara jogar e se tornou um de meus ídolos”, disse Silva.
(Texto: Rafael Ribeiro)