Isadora Williams vive em Montclair, no estado de Nova Jersey (Estados Unidos), a cerca de 20 quilômetros de Nova York, epicentro dos casos do novo coronavírus (Covid-19) no país. Só lá foram registradas, até ontem (1º), mais de mil mortes, de acordo com estudo da Universidade Johns Hopkins.
O rápido avanço da pandemia na metrópole preocupou a patinadora. “É assustador, pois moro perto. Todas as pessoas estavam dentro de casa, em quarentena. Muitos mercados e lojas fechando, não tinha as coisas necessárias. Dirigi até a casa dos meus pais (em Washington, capital do país) porque está mais tranquilo que Nova York. É muito triste”, relata ela
A disseminação da Covid-19 pelo mundo impactou a temporada de preparação de Isadora. No último dia 16, ela disputaria o Mundial de Patinação no Gelo, em Montreal (Canadá), mas o evento foi cancelado cinco dias antes da abertura por conta da pandemia. Seria a quinta participação dela na competição, a quarta vez consecutiva no Mundial. “Foi muito triste (o cancelamento) porque treinei muito forte, de maneira muito intensa. Mas, acho que foi saudável para todos e o mais importante para atletas e público, pois é um vírus muito sério”, conta a patinadora de 24 anos.
Coração verde e amarelo
Isadora tem o sangue e o coração verde e amarelos. Apesar de nascida nos Estados Unidos, tem mãe brasileira. E escolheu, aos nove anos, defender a bandeira da terra natal da progenitora. “A cultura brasileira sempre me encantou. Como a comida, amo a moda e a música. Adoro Marisa Monte, Tom Jobim e amo Anitta! É muito importante competir pelo Brasil”, destaca.
É a décima temporada como atleta brasileira. Da estreia — Mundial de Juniores de 2010, na Holanda, aos 13 anos — para cá, foi a primeira patinadora do país a ganhar uma medalha internacional: em um torneio tradicional disputado em Zagreb, na Croácia, em 2012. Isadora também foi pioneira em participações na Olimpíada de Inverno, estreando em 2014 (Sochi, na Rússia), repetindo a dose há dois anos (Pyeongchang, na Coreia do Sul), quando fez história ao chegar à final do programa longo – apresentação de quatro minutos. Nunca uma latino-americana foi tão longe.
“A vibe dos Jogos é diferente. No Mundial, como é só a patinação, é mais competitivo. Na Olimpíada, com muitos outros esportes, eu diria que é mais divertido. É só de quatro em quatro anos, então classificar é especial”, afirma. “Na próxima (Olimpíada de Inverno, em Pequim, na China, em 2022), quero chegar entre as 20 primeiras. Na Coreia, fiquei em 24º, então quero melhorar”, completa.
Referência
Apesar de ter feito história na patinação brasileira no exterior, foi no ano passado que Isadora deixou a marca dentro do país. Em outubro, disputou pela primeira vez o campeonato nacional de patinação no gelo, realizado em um shopping de Canoas (RS). O evento teve 40 competidores de diferentes faixas etárias. “Vi o progresso de muitos patinadores, saltos melhores, piruetas melhores. Fico feliz porque eles me apoiam bastante. A gente se fala no Instagram, eles me enviam vídeos com saltos e piruetas para assistir, fazer comentários”, conta a atleta, que foi campeã na categoria sênior.
Por enquanto, Isadora é a única brasileira a figurar no ranking mundial da União Internacional de Patinação (ISU, sigla em inglês). Cenário que ela acredita que mudará. “Às vezes, as pessoas dizem que patinação é só para países de clima frio, mas os Estados Unidos possuem lugares quentes com pistas muito boas, como no Texas, ou na Califórnia. No Brasil, há muitas crianças que amam esse esporte. Agora, tem uma pista grande (com 500m quadrados, inaugurada em fevereiro em São Paulo). Antes, só havia pistas pequenas, em shoppings. A modalidade está crescendo. Quero mais brasileiros comigo na próxima Olimpíada!”, torce.
(Texto: Inez Nazira com informação da Agência Brasil)