Reforma geral em escola estadual causa transtornos aos alunos

Foto: Segundo a secretaria,
existem alguns prédios já
adaptados para receber
alunos, na Capital/Nilson Figueiredo
Foto: Segundo a secretaria, existem alguns prédios já adaptados para receber alunos, na Capital/Nilson Figueiredo

SED afirma que toda a comunidade foi avisada e que a obra pode durar de 12 a 24 meses

Toda a estrutura necessária para aulas na escola estadual Thereza Noronha de Carvalho, a principal com turmas em período integral e noturno, no Parque do Lageado, região sul de Campo Grande, será realocada para uma reforma geral na unidade. Os pais dos alunos entendem e apoiam as obras estruturais, mas consideram a mudança quase inviável e prejudicial para quem mora na região, principalmente porque o prédio escolhido para o remanejamento fica a mais de oito quilômetros de distância do bairro, próximo à rua Brilhante. 

Em frente à escola, é possível ver que o valor investido para a ampliação de blocos de salas de aula é de R$ 1,7 milhão, com início em agosto de 2023 e duração de 365 dias. Na área dos fundos, é visível novas estruturas sendo erguidas. Porém, no último dia 28, foi publicado, no DOE (Diário Oficial do Estado), o aviso de lançamento de licitação da reforma geral e ampliação da escola, com abertura e disponibilização dos documentos do edital marcados para o dia 6 de fevereiro.

A demora deixou Ariane Cruz, mãe de um aluno do 1º ano, em dúvida se vai acontecer mesmo a reforma. “Fui até lá fazer a matrícula do meu filho e, já que vai mudar, pedi os documentos necessários para fazer o passe de ônibus e não me encaminharam nada. Tenho medo de não dar tempo de fazer o Passe de Estudante, de o processo demorar muito. Então, vou ter que achar outra escola para ele”, defende a mãe.

Ariane e o filho moram no bairro Los Angeles, que é vizinho do Lageado, mas com uma distância considerável para um percurso a pé. Ela pede que as coisas sejam esclarecidas com mais rapidez, para que tenham tempo para organizar o transporte.

“Ir para a região do Bandeirantes é muito difícil para nós, não compensa o sacrifício. Precisamos ver se esse ano letivo não será mesmo ali, porque dependendo, eu vou colocar ele nas Moreninhas ou em outra escola que não precise fazer baldeação, passar de terminal em terminal para chegar.”

Quem também precisará mudar toda a rotina é a família do Márcio Pereira, de 34 anos, que mora a duas quadras da escola Thereza. A enteada dele tem 16 anos e vai cursar o 2º ano do ensino médio. “O aviso veio por mensagem, no grupo de WhatsApp da escola, o que eu achei repentino, nos pegou de surpresa. Fui aluno do Thereza e na minha época teve reformas, não foi preciso mudar. Agora, ela vai sair do ensino em tempo integral, mudar para a escola Neyder Sueli, apenas pela manhã, e pegar ônibus que nunca pegou na vida”, compartilha o padrasto.

A SED (Secretaria de Estado de Educação) afirma que as obras são de extrema importância e que toda a comunidade foi avisada, mas ainda não especificou qual será o endereço temporário da unidade escolar. A escola passará por uma reforma geral e ampliação, que irá garantir a “acessibilidade e adequações nas partes hidráulica e elétrica”. Ela encerrou o ano letivo de 2023 com 600 alunos e, até que termine o período de matrículas da REE (Rede Estadual de Ensino), não se sabe quantos estudantes serão realocados.

Foto: Nilson Figueiredo

“Agora, ela vai sair do ensino em tempo integral, mudar para a escola Neyder Sueli e pegar ônibus” – Márcio Pereira, segurança 

Sobre a localização, questionada pelos pais, a SED explica que quando há mudança para um novo prédio, é necessário observar locais que tenham as condições adequadas para receber os estudantes, principalmente quando se trata de uma escola relativamente grande. “Em Campo Grande, nós contamos com alguns prédios já adaptados para este fim e que passam praticamente o ano todo ocupado por unidades escolares que passam por reformas. Assim que uma é concluída, já passamos para a próxima. Buscamos em localidades próximas, mas nem sempre isso é possível”, esclarece a pasta.

Outro questionamento, também respondido pela secretaria, é sobre o início real das obras. Conforme nota da assessoria de imprensa para o jornal O Estado, “elas se iniciam após a completa mudança da unidade e se dão, primeiramente, na parte interna”. Além disso, esses alunos têm prioridade na escolha de uma escola mais próxima, o caso deve ser informado na Central de Matrículas. 

As obras nas escolas do Estado têm o prazo legal de 12 a 24 meses para serem concluídas. A escola mais próxima, com turmas em período integral, está a 2,8 quilômetros e segue o modelo cívico-militar, que é a escola estadual Marçal de Souza Tupã-y e segundo informações, não há vagas.

Outras unidades que estão dentro do modelo de 35 horas semanais é a escola estadual Manoel Bonifácio Nunes da Cunha, que fica no Jardim Tarumã, e as localizadas às margens da avenida Ernesto Geisel, no Aero Rancho, a escola Professor Silvio de Oliveira dos Santos e a Neyder Sueli.

Disponível desde o dia 7 de novembro, o período de pré-matrículas da REE termina hoje (4). A pré-matrícula também pode ser feita pelo telefone 0800-647-0028 ou diretamente na sede da Central de Matrículas, na rua Joaquim Murtinho, no 2.612, bairro Itanhangá Park.

A lista de estudantes designados será divulgada no dia 7 de janeiro e, após a designação, a família tem entre os dias 8 e 12 de janeiro para ir até a escola efetivar a matrícula, com os documentos obrigatórios que estão no pedido de pré-matrícula.

Parceria com a Rede Municipal de Ensino 

A SED firmou parceria com os municípios e este ano, começa a oferecer turmas de 4º e 5º do ensino fundamental integral, o que possibilitará a abertura de vagas nos anos iniciais da educação infantil. De acordo com o coordenador da Central de Matrículas da REE, Alciney Lopes, Campo Grande ganhará 881 vagas e há a possibilidade de ampliação, se a demanda for grande. 

“Reforçamos que esse novo acordo, para 2024, só será aceito para alunos do regime integral. Nos locais que já implantamos essas séries, no regime parcial, por acordos anteriores, continuarão como antes”, destacou.

Além de colaborar na diminuição do déficit, a estratégia também tem o propósito de alcançar a meta 6 do PNE (Plano Nacional de Educação), que estabelece a oferta de educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas, de modo que atenda a, pelo menos, 25% dos alunos da educação básica. Para tanto, os estudantes devem ter, pelo menos, sete horas de atividades escolares. Esse trabalho garante que 60% da rede está inclusa na meta, com 218 escolas com turmas integrais nos 79 municípios, totalizando 48,7 mil vagas.

Por Kamila Alcântara 

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