Juros era 11,75% menor em 2020, se comparado com a taxa atual
Com a atual taxa Selic a 13,75% ao ano, uma pessoa que busca realizar o sonho da casa própria por meio de financiamento pagaria R$ 22.325 a mais em 2023, se comparado há 3 anos atrás, quando os juros estavam em 2%. É o que projeta o economista Enrique Duarte Romero.
O exemplo citado acima é de um imóvel no valor de R$ 190 mil. Em 2020, com a Selic em 2%, os juros seriam de R$ 3.800 em um ano. Já com a taxa atual, o adicional seria de R$ 26.125. “Hoje, não existe nenhuma explicação, estritamente técnica, para que se continue com essa taxa de juros elevadíssima. É totalmente inviável a economia de crédito com essas taxas de juros altíssimas. A inflação está caindo, o boletim Focus prevê a inflação daqui há um ano em torno de 4%”, ressalta Enrique.
Complementando a linha de raciocínio, o economista Eugênio Pavão diz que o cenário de alta começou em 2021. “Desde 7 de dezembro de 2021 os custos do financiamento estão altos e dificultando tanto a tomada dos créditos, pois a poupança e a renda fixa rendem mais até que aplicações variáveis”, completou.
Selic
Na quarta-feira (21), o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano. Essa foi a sétima vez seguida que o BC não altera o índice, permanecendo nesse nível desde agosto do ano passado. A Selic é o principal instrumento para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
Manutenção da Selic em 13,75% prejudica sobrevivência das empresas brasileiras
A permanência da taxa de juros em 13,75% ao ano resultará em custos adicionais desnecessários ao país, dificultando ainda mais a manutenção e recuperação da atividade econômica nos próximos semestres, inibindo investimentos e reduzindo o potencial de crescimento. É o que avalia o presidente da Fiems, Sérgio Longen. “O que preocupa não é a decisão pura e simples do Copom, mas a situação das empresas, que não estão mais conseguindo pagar os juros nesses patamares, que se encontram muito acima do nível que é compreendido como neutro. Vemos um grande esforço nacional para conter a inflação, redução dos preços de combustíveis e de diversas matérias-primas, mas a taxa de juros permanece elevada”, afirmou Longen.
Ainda conforme o presidente da Fiems, a manutenção da Selic faz com que as empresas acabem ficando inadimplentes. “É o mesmo que manter a pessoa que está se afogando embaixo da água, que é como está a maioria das empresas hoje, praticamente reféns da decisão técnica de meia dúzia de pessoas”, enfatizou.
Ele também ressaltou que a Selic se encontra muito acima daquele nível que é compreendido como neutro, ou seja, do patamar em que promove o controle da inflação, mas sem desestimular o crescimento da economia. “Tanto é verdade, que a taxa de juros real, ou seja, descontando a inflação, segue muito próxima de inaceitáveis 10% ao ano. No momento, isso faz com que o Brasil tenha a maior taxa de juros reais do mundo. Por essa razão, entendemos que permanência da Selic no atual patamar é desnecessária para o controle da inflação, trazendo problemas adicionais à economia, com a elevação dos custos para o financiamento das atividades produtivas, restringindo a produção e o consumo”, finalizou.
Por Suzi Jarde- Jornal O Estado do MS.
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