Bancos e varejistas procuraram o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e acusaram três empresas que dominam o mercado de transporte de valores de conduta anticompetitiva: as multinacionais Prosegur e Brink’s e a brasileira Protege. Juntas, as três empresas têm cerca de 80% do mercado, que movimentou R$ 33 bilhões no ano passado. As manifestações preocuparam o órgão, que decidiu aprofundar a análise das operações do setor.
Em diferentes ofícios enviados ao Cade, empresas diversas como TecBan, que é dona do Banco24horas, McDonald’s, Magazine Luiza e Drogasil relataram dificuldades para contratar transportadoras concorrentes e denunciaram existir uma postura de não concorrência entre as três maiores – o que caracterizaria um cartel.
Os clientes reclamam ainda que as transportadoras estão comprando empresas menores e reduzindo ainda mais a concorrência em um mercado já concentrado – uma delas foi a Transfederal, do ex-senador Eunício Oliveira, adquirida pela Prosegur no ano passado por R$ 150 milhões.
Com isso, na quinta-feira, a superintendência do Cade decidiu estender a análise da compra da Transvip pela Prosegur. A área técnica expressou preocupação com a concorrência no setor e remeteu a análise para o tribunal do Cade, que é a instância responsável por julgar casos mais complexos.
“A operação resulta em concentrações elevadas no mercado de transporte e custódia de valores em São Paulo e Rio de Janeiro, especialmente no Estado do Rio de Janeiro, e potencial para aumentar a probabilidade de poder coordenado”, afirma o texto do relatório da área técnica do Cade.
Não há previsão para o julgamento, já que o Cade está sem quórum e aguarda que integrantes indicados pelo presidente Jair Bolsonaro sejam sabatinados pelo Senado. (Com jornal O Estado de S. Paulo)