Redução na qualidade da cana-de-açúcar e alterações na gasolina são pontos cruciais
O levantamento do indicador do Cepea/Esalq aponta que os preços do etanol hidratado tem avançado. No dia 26 de julho, o combustível apresentava um custo de R$ 2,56 e na pesquisa de 2 de agosto, representou uma alta de R$ 0,04, chegando a R$ 2,60. O encarecimento, tem relação com a qualidade da cana-de-açúcar e a seca, que pode vir a resultar em menor produtividade. Outro ponto que tem afetado, é que na composição da gasolina, há a adição de 25% de etanol, o que traz um efeito dominó quando o assunto são os preços dos combustíveis. Além disso, a interferência também parte de um aumento feito há pelo menos um mês pela Petrobrás em 7,11%, que traz a necessidade das usinas de buscar mais competitividade para o mercado.
Em Mato Grosso do Sul, os combustíveis ainda não sofreram alterações substanciais nos preços. No entanto, conforme o diretor-presidente do Sinpetro-MS (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo e Lubrificantes MS), Edson Lazarotto, como a gasolina conta em sua composição com 27% de etanol, é possível que haja novas alterações. “Ainda não temos informações oficiais da Petrobras, mas como a gasolina tem na sua composição 27% de etanol, e o mesmo sofreu alta nos últimos dias, poderá sim ocorrer algum reajuste na gasolina. No entanto, até o momento, nada de concreto”, pontuou sobre a questão.
Segundo Marcelo Di Bonifácio, analistas de açúcar e etanol da StoneX, o aumento de preços está diretamente ligado ao reajuste da Petrobras para a gasolina, que alcançou um percentual de 7,11% há cerca de um mês e trouxe esse novo fundamento para as usinas elevarem seus preços de oferta do etanol.
De acordo com o levantamento mais recente da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o etanol ainda é mais competitivo em seis estados brasileiros. São eles: Mato Grosso do Sul, Acre, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo e Distrito Federal. Conforme apurado pela ANP, nessas regiões, abastecer com etanol vale a pena, pois o biocombustível representa até 70% do preço da gasolina.
O economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho, Staney Barbosa Melo, explica que hoje existe um equilíbrio dinâmico entre os dois produtos, ou seja, o etanol e a gasolina. Isto porque, nos últimos meses, há aumentos consecutivos na gasolina. “Nos últimos meses se evidencia aumentos sequências nos preços da gasolina, após um bom período de estabilidade, mas que passa a se refletir em maior demanda por etanol. Esse aumento, por sua vez, faz com que se elevem também os preços do etanol nos postos. Se o consumidor está mais flexível em relação às altas, a demanda se mantém até que o mercado encontre um novo equilíbrio entre preço/km onde a gasolina se torne mais vantajosa”, esclareceu o especialista.
Outro ponto que o economista destaca é o valor sustentável do etanol frente à gasolina e, por isso, o consumidor que em Mato Grosso do Sul, a partir dos dados da ANP, parece preferir por vezes o combustível. “O etanol é mais ecologicamente sustentável e isso pesa na decisão dos consumidores. A relação de troca é mediada pelo impacto socioambiental existente nessa relação. Dessa forma, temos visto um aumento na demanda por etanol que se explica pelo aumento na competitividade do produto em relação a gasolina, mas também pelo seu impacto socioambiental”, finalizou.
Pesquisa posto a posto – Parâmetro da Capital
Em apuração, a reportagem do jornal O Estado esteve em dez postos da Capital, a fim de verificar se de fato as alterações já chegaram às bombas. No posto Katia Locatelli, a gasolina é comercializada a R$ 5,65 à vista ou no débito, enquanto a prazo o preço aumenta R$ 0,20, alcançando o valor de R$ 5,85. Já o etanol é vendido a R$ 3,75, enquanto a prazo ou no crédito é comercializado a R$ 3,95, ou seja, também uma diferença de R$ 0,20.
No Posto Sem Limite, localizado na Costa e Silva, a gasolina à vista ou no débito é vendida a R$ 5,69, enquanto a gasolina a prazo ou crédito é vendida a R$ 5,99. O etanol é disponibilizado ao público a R$ 3,81 à vista ou débito e a prazo ou crédito é vendido a R$ 4,11. Já no Posto Mil, a gasolina é comercializada a R$ 5,69, seja a comum ou a aditivada. No posto, os combustíveis são comercializados somente à vista. O Etanol no local é vendido a R$ 3,78.
No Posto Shell, localizado na rotatória da Coca-Cola, a gasolina à vista ou no débito é vendida a R$ 5,67, enquanto no crédito é comercializada a R$ 5,87. Já a gasolina aditivada, à vista sai a R$ 6,17, enquanto no crédito recebe o adicional de R$ 0,20, saindo a R$ 6,37. Quanto a venda do etanol, no posto o combustível é comercializado a R$ 3,79 à vista ou débito e R$ 3,99 no crédito.
No Posto Universitário, o valor da gasolina à vista é de R$ 5,99, enquanto a prazo bate a marca de R$ 6,29. O etanol chega ao valor de R$ 3,87 à vista, mas a prazo chega a R$ 4,17. No Posto da Gury Marques, em frente a Energisa, os valores chegam a R$ 6,09 a gasolina comum e R$ 3,97 o etanol, ambos à vista. Já a prazo ou crédito, os valores chegam a R$ 6,29 na gasolina comum e R$ 4,27 no etanol.
Já no Posto Moreninhas, localizado mais ao Sul da Capital, o valor da gasolina à vista segue na marca de R$ 5,69, enquanto o etanol recebe o valor de R$ 3,69. Já nos valores a prazo, o adicional é de R$ 0,15 centavos e alcança os valores de R$ 5,84 a gasolina e R$ 3,84 o etanol.
No Posto da Pérola, também na região sul da Capital, a gasolina comum é comercializada à vista a R$ 5,99 e o etanol R$ 3,87. Já a prazo ou crédito, os valores batem a marca de R$ 6,39 a gasolina e R$ 4,17 o etanol. No Posto Vitória, a gasolina comum é comercializada a R$ 5,69 e o etanol R$ 3,69 à vista. Já a prazo, os valores são R$ 5,89 na gasolina e R$ 3,89 no etanol. Por fim, no posto Pororoca IX, os valores da gasolina alcançam R$ 5,69 à vista e R$ 5,89, enquanto o etanol bate a marca de R$ 3,79 à vista e R$ 3,99 no cartão de crédito ou à prazo.
Por Julisandy Ferreira
Acesse as redes sociais do O Estado Online no Facebooke Instagram
Leia mais:
Com alta do dólar e dos gastos públicos, BC avalia subir juros