A produtividade da pecuária brasileira volta a subir, após a queda observada no ano passado, conforme dados do Rally da Pecuária 2018. No ciclo completo, o aumento médio foi de 23% entre os pecuaristas entrevistados durante a expedição em relação à 2017– de 8,3 arrobas por hectare ao ano para 10,3 arrobas por hectare ao ano. Essa recuperação comprova a diferença do comportamento observado em 2016, quando o pecuarista reduziu o uso do pacote tecnológico em função da diminuição de margem. Em 2017, com as margens ainda baixas e projeção de nova queda para 2018, o produtor volta a buscar maior eficiência.
Em cinco anos, a produtividade média do público avaliado durante o Rally aumentou 17%. Um quarto dos pecuaristas com melhores índices avançou 26% em igual período. Com 36 arrobas por hectare ao ano, em média, estes respondem por 67% do total da produção comercializada por este público. “É inegável que esteja ocorrendo um movimento de concentração e exclusão no mercado pecuário”, afirma Maurício Palma Nogueira, diretor da Athenagro e coordenador do Rally da Pecuária.
Já entre os entrevistados, a quantidade de animais terminados em confinamento será de 890 mil cabeças, um aumento de 9,5% em relação ao volume confinado em 2017. “O aumento na quantidade de animais confinados ocorre mesmo com o cenário de custos 22% acima do que o observado no ano anterior”, complementa Nogueira.
Foi registrada também a redução na adubação de pastagens este ano, quando comparada a 2017. Mesmo somando integração, adubação e reforma, é possível identificar uma piora nos tratos culturais dos pastos, o que implica em um gargalo nas fazendas. A avaliação de pastagens identificou um significativo aumento nos pastos em estágio quase de gradado, ao passo que a quantidade de pastagens degradadas se manteve. “A melhoria da nutrição do rebanho é sempre bem-vinda, mas não pode ser usada para compensar uma falha no manejo das pastagens. Nesse caso, mesmo que a operação seja positiva, o benefício/ custo é inferior quando comparado aos casos de manejo de pastos somado a uma nutrição adequada”, esclarece o coordenador da expedição.
Para o sócio diretor da Agroconsult, André Pessoa, o cenário observado ao final desta edição do Rally da Pecuária é bem diferente e mais positivo em relação ao que se observava em junho, quando a expedição foi a campo. “As exportações tiveram recuperação e os preços pagos aos produtores melhoraram. No segundo semestre as expectativas para o setor são melhores, embora a curva ascendente do dólar desperte preocupação em relação aos custos”, diz Pessoa. O comportamento do mercado é didático para justificar o tema levado a campo nos eventos do Rally. Mesmo em ambientes turbulentos, é imprescindível manter a resiliência e o comprometimento com o planejamento predefinido.
A expedição foi realizada entre os dias 18 de junho e 31 de agosto com 7 equipes técnicas que visitaram 70 municípios em 11 estados: Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Pará, Mato Grosso, Rondônia e Acre, que respondem por 82% do rebanho bovino e 86% da produção de carne. Durante o percurso previamente planejado para cada equipe, os técnicos da expedição visitam, aleatoriamente, propriedades de pecuária e conduzem entrevistas qualitativas e quantitativas com os pecuaristas.
As equipes percorreram cerca de 60 mil quilômetros nos principais polos pecuários do Brasil. Produtores e técnicos de mais de 290 municípios compareceram aos eventos e oficinas ou foram visitados. A edição 2018 do Rally da Pecuária foi a maior em número de eventos e atividades, com 42 palestras para produtores, sendo 12 eventos oficiais e 30 oficinas de produtividade, encontros e debates organizados por patrocinadores e apoiadores regionais. “O objetivo foi aproveitar ao máximo a nossa presença em campo. Com isso aumentamos em 50% o número de eventos durante o trajeto”, relata Nogueira. Em três meses de viagens foram avaliados 158 pastos.