Preços de eletrodomésticos e eletrônicos sobem com o dólar

Antes da pandemia, o preço de eletrodomésticos e eletrônicos vinha em uma tendência de queda, diante da apatia do mercado consumidor com o ritmo fraco da recuperação econômica. No entanto, após o choque provocado pelo novo coronavírus, o preço desses itens começou a subir.

Segundo o Índice de Preços ao Consumidor, calculado pela FGV, a alta foi de 0,76% entre eletrodomésticos e de 1,25% nos eletrônicos. A subida ocorre apesar de a retração da demanda ter se acentuado ainda mais no período para a maior parte desses itens.

Segundo o economista André Braz, responsável pelo levantamento, a variação decorre da desvalorização do real. Com o dólar acima dos R$ 5, os custos de importação de peças das fabricantes subiu, o que acabou sendo repassado ao consumidor.

Entre os eletrodomésticos, a maior alta foi registrada nas máquinas de lavar roupa, cujo preço subiu 2,77% entre março e junho. Fogão vem em segundo lugar, com alta de 1,45%.

Segundo o comparador de preços Buscapé, uma geladeira Brastemp duas portas frost free podia ser comprada em fevereiro por R$ 2.398. Na sexta (24), o mesmo modelo saía por R$ 2.510,10. Um fogão 4 bocas Electrolux passou de R$ 628,23 para R$ 786,90 no mesmo período.

Computadores e periféricos (como tablets) foram os que mais subiram de preço entre os eletrônicos: 3,52%. A explicação para essa alta, no entanto, diverge das demais, uma vez que a demanda por esses produtos cresceu, impulsionada pelo home office e aulas online.

O preço de um notebook da Lenovo, por exemplo, subiu de R$ 1.363,64 para R$ 2.299,99 entre fevereiro e julho —uma diferença de quase R$ 1.000.

Em relatório, a Electrolux aponta que a alta nos preços compensou parcialmente as perdas nas vendas na América Latina, de 24,2%.

A Whirlpool, por sua vez, elenca o câmbio desfavorável como um dos problemas em sua operação regional no período, limitando os efeitos das ações de redução de custo implementadas.

“Os eletrônicos são muito dependentes de insumos importados. Entre junho e a média de dezembro do ano passado, a taxa de câmbio subiu 26,5%, então houve uma pressão de custos muito acentuada”, diz Barbato, da Abinee. Segundo ele, itens como computadores e celulares chegam a ter 70% de seus componentes importados do exterior.

O patamar alcançado pelos preços tende agora a se estabilizar, já que a perspectiva é que o dólar se mantenha na casa dos R$ 5, diz Braz. “Não acredito que haja muito fôlego para novos aumentos, até porque esbarra na questão da demanda, que já está enfraquecida.”

(Texto: Folha de São Paulo)

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