Enquanto o campo-grandense desembolsa em média 16,49 no pacote de arroz, paga quase o dobro no café
Em Campo Grande, o pacote de café de 500g custa em torno de R$ 29,50. Com os preços nas alturas, o valor pago no café já supera a compra de itens essenciais da cesta básica, como o arroz de 5kg que é vendido em torno de R$ 16,49. Ou seja, um aumento de 78,90% na comparação entre o café e o arroz. Os dados foram revelados através da pesquisa de preço realizada pelo jornal O Estado semanalmente, em seis dos maiores supermercados da Capital.
A reportagem visitou os estabelecimentos nessa sexta-feira (27), onde localizou o café sendo entre R$ 29,50, mas em outro ponto o produto chega a custar R$ 35,90 – a variação ficou em 21,69%. O café ficou fora mais uma vez do ranking dos alimentos que tiveram queda no IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), divulgado pelo IBGE neste mês.
Fernando Lamounier, especialista em comportamento de consumo, destaca o impacto do preço do café no dia a dia: “Tomar café fora de casa é um hábito cultural para muitos brasileiros, mas com o preço em alta, o cafezinho pesa no bolso e acaba competindo com outras despesas essenciais. Normalmente, o brasileiro toma em média de 3 a 4 xícaras de café por dia”, detalha sobre como a bebida está presente na rotina do consumidor.
Em contrapartida, arroz considerado um dos itens mais consumidos no prato apresentou queda de -3,44% nos preços, segundo cálculos do IPCA-15. Na pesquisa do jornal, o valor máximo encontrado para o produto foi de R$ 22,90 e o mínimo de R$ 16,49. A variação de preço entre as unidades de comércio ficou em 38,87.
Hortifruti
Ainda de acordo a pesquisa do jornal, o consumidor está pagando mais barato no quilo da cebola. Na atual pesquisa o item custa R$ 2,49, frente à semana anterior onde o preço chegou a R$ 3,99, ou seja, redução de 60,24%. O quilo da batata também baixou de R$4,99 na semana passada para R$2,99 preço vendido nesta sexta-feira.
O quilo do alho teve uma queda pouco expressiva de 3,34% e na semana sendo vendido por R$ 30,90 (pesquisa anterior) e R$ 29,90 (atual pesquisa). Na seção das frutas, o quilo da laranja amenizou os aumentos no bolso do consumidor, o preço caiu de R$5,69 para R$3,89 nesta pesquisa.
Inflação dos alimentos
A prévia da inflação de junho ficou em 0,26%, após taxa de 0,36% registrada em maio. A alimentação teve uma queda de -0,02%, o índice cauda pouco efeito diante do aumentos de outros alimentos. Em entrevista ao O Estado, a especialista finaceira, Sabrina Mestieri Nakao, alerta que mesmo com a queda a inflação ainda segue fora do controle.
“O governo comemora, como se fosse uma grande vitória. Mas a realidade é que a inflação avançou 5,32% em 12 meses, muito longe da meta de 3% e até mesmo do teto de 4,5%. A queda dos alimentos foi de 0,02% quase nada”, explica a profissional.
Sabrina, ainda reforça que a deflação ajudou a desacelerar a inflação oficial (IPCA-15), que chegou ao nível mais baixo de junho desde 2023. “Ainda assim, a inflação acumulada continua elevada, o que exige cautela e continuidade nas medidas de combate à alta de preços”,alerta.
Abras: Alta de 2,4% no consumo
O consumo nos lares brasileiros teve um aumento de 2,04%, como registrado no monitoramento da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), divulgado em junho. Em comparação com o ano anterior, no mesmo período, o aumento foi de 3,98%.
Para à ABRAS essa alta no consumo, é resultado de uma série de fatores, principalmente o mês das mães, que tradicionalmente é uma data em que se espera o crescimento do consumo. Além disso, o conjunto de fatores econômicos, entre eles a queda de itens essenciais como o arroz, leite e óleo de soja. Isso é refletido em Mato Grosso do Sul, que acompanha essa alta nacional.
O indicador, AbrasMercado, que mede a variação de preços de 35 produtos da cesta de consumo, mostrou que a região centro-oeste apresentou estabilidade, com leve variação de -0,01% e passou de R$ 774,96 para R$ 774,85.
Por Suzi Jarde e Gustavo Nascimento
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