Pandemia ampliará pobreza extrema no mundo em 2020

A pobreza extrema deve aumentar no mundo em 2020 pela primeira vez em 20 anos, sob impacto da pandemia do coronavírus, alerta o Banco Mundial em relatório divulgado ontem (7). Segundo a instituição financeira, a ruptura provocada pela Covid-19 nas economias de todo o mundo pode levar entre 88 milhões e 115 milhões de pessoas para a miséria este ano, podendo chegar a 150 milhões em 2021, dependendo da gravidade da retração econômica.

São considerados extremamente pobres pelo Banco Mundial pessoas com renda inferior a US$ 1,90 por dia (R$ 10,64, ao câmbio atual). Dessa maneira, a pobreza extrema deve afetar entre 9,1% e 9,4% da população mundial em 2020, patamar que leva a taxa de volta ao nível de 2017 (9,2%).

“A pandemia e a recessão global podem levar mais de 1,4% da população mundial para a pobreza extrema”, destaca o presidente do grupo Banco Mundial, David Malpass, em comunicado. “Para reverter esse sério contratempo aos avanços no desenvolvimento e à redução da pobreza, os países precisam se preparar para uma economia diferente pós-Covid.”

BRASIL

O Banco Mundial observa, no entanto, que, na América Latina e Caribe, 10 de 13 economias registraram prosperidade compartilhada menor no período entre 2012 e 2017, do que entre 2010 e 2015, o que é o caso do Brasil.

“A crise do Brasil de 2014 a 2016 e sua recuperação são uma ruptura radical em relação à década anterior”, destaca o banco, em relatório.

“Com milhões de empregos perdidos, a ampla rede de proteção social do país foi incapaz de servir de forma eficiente como um sistema de proteção anticíclica. A crise se mostrou severa para todos os grupos de renda e a recuperação posterior foi lenta e desigual.”

Segundo o IBGE, em 2018, o país tinha 13,5 milhões pessoas com renda mensal per capita inferior US$ 1,90, equivalente a 6,5% da população.

De acordo com levantamento da FGV (Fundação Getulio Vargas) divulgado em julho, a pobreza extrema atingia 6,9 milhões de pessoas em junho deste ano, ou 3,3% da população, com a taxa ao menor patamar em 40 anos devido ao auxílio emergencial pago aos trabalhadores informais durante a pandemia.
Especialistas alertam, porém, que a pobreza extrema deve voltar a crescer com o fim do auxílio, caso a rede de proteção social do país não seja expandida, em meio a um desemprego recorde e que deve continuar a avançar nos próximos meses.

(Texto: Thais Carrança)

 

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