Na última semana de outubro, os preços da arroba no mercado físico do boi gordo registraram novas altas, rompendo recordes anteriores, segundo informa as consultorias de mercado.
“O impulso segue vindo da baixa oferta de animais e da demanda aquecida”, resume a IHS Markit, acrescentando que, nos últimos dias, as escalas de abate das indústrias foram encurtadas em muitas regiões do País, com relatos de plantas frigorificas que optaram por dar férias coletivas devido ao elevado grau de dificuldade na compra de boiada gorda, no Mato Grosso do Sul o valor da arroba chegou a R$ 162, em São Paulo R$ 270.
Mesmo os frigoríficos que se mantiveram atuantes no mercado, houve relatos de unidades industriais intercalando os abates diários ou realocando a programação a fim de escapar da forte especulação altista que vigora no mercado.
Em algumas regiões do Brasil, pecuaristas optaram por retirar o gado do pasto para realizar a terminação no cocho em função de atrasos e irregularidade das chuvas. Além disso, mesmo com os fortes avanços da arroba do boi gordo, os donos das boiadas preferem atuar na defensiva, à espera de preços que remunerem ainda mais, já que há também uma escalada nos preços da nutrição animal (milho e farelo de soja) e também no mercado de animais mais jovens, de reposição.
A maior parte das indústrias frigoríficas está se valendo de animais terminados em confinamentos próprios ou do recebimento de gado à termo fixado anteriormente, informa a IHS Markit. Desta forma, as efetivações no mercado envolveram pequenos lotes, o que impossibilita um preenchimento mais consistente das escalas de abate.
Paralelamente, a acentuada queda na produção nacional de carne bovina, associado ao forte fluxo das vendas ao exterior, mantém os estoques domésticos muito ajustado, o que colaborou para as altas nos preços dos principais cortes bovinos nas últimas semanas.
“Embora não haja risco de desabastecimento da proteína bovina, o descompasso entre oferta e demanda em 2020 vem fazendo com que os valores da carne no atacado continuem em franca elevação”, ressalta a IHS.
Quanto aos embarques brasileiros de carne bovina in natura, até a quarta semana de outubro, a média diária embarcada foi de 8,16 mil toneladas, 5,3% superior à média de outubro de 2019. Se esse ritmo for mantido até o encerramento deste mês, o Brasil deve embarcar mais de 170 mil toneladas, um novo recorde para o mês, segundo prevê a IHS.
(Com informações: Agrolink)