Nesse ínterim, Câmara dos Deputados e Senado se articularam para tocar, cada uma, a sua própria versão de reforma, com a disputa pelo protagonismo em relação à matéria turvando o horizonte de articulação política.
Externamente, a imagem do secretário também foi chamuscada, disse a mesma fonte, em condição de anonimato, citando declarações polêmicas sobre a recriação de um imposto sobre pagamentos nos moldes da CPMF, mesmo quando o presidente Jair Bolsonaro se posicionava diametralmente contra a investida.
Histórico defensor de um imposto sobre movimentações financeiras como instrumento de ampla simplificação tributária, apresentado como uma das pernas da reforma tributária do Executivo, Cintra fez parte da equipe de transição e, antes disso, já colaborava com Guedes na elaboração do programa de governo de Bolsonaro.
Em nota, o Ministério da Economia pontuou que a “equipe econômica trabalha na formulação de um novo regime tributário para corrigir distorções, simplificar normas, reduzir custos, aliviar a carga tributária sobre as famílias e desonerar a folha de pagamento”.
“A proposta somente será divulgada depois do aval do ministro Paulo Guedes e do presidente da República, Jair Bolsonaro”, acrescentou o ministério.
Cintra será substituído no cargo pelo auditor fiscal José de Assis Ferraz Neto, que havia sido anunciado em meados de agosto como novo subsecretário-geral da Receita, numa tentativa de sufocar crise interna após o órgão ter sido acusado por integrantes do Tribunal de Contas da União (TCU) e do Supremo Tribunal Federal (STF) de atuação política.
A saída de Cintra acontece um dia depois de seu secretário especial adjunto, Marcelo Silva, ter detalhado em evento em Brasília as alíquotas iniciais que o novo tributo sobre pagamentos teria: 0,2% sobre pagamentos para operações de crédito e de débito e 0,4% para saques e depósitos em dinheiro. (Karina Cantiere com informações JB)