O ano começou com reação no mercado do boi gordo nas principais regiões produtoras e em Mato Grosso do Sul não foi diferente. Mas, após alcançar a casa dos R$ 265,00, a arroba do boi deve recuar para valores menores que R$ 250,00 em fevereiro, o que pode influenciar nos preços aos consumidores. Entre os fatores que favorecem o cenário está a queda no consumo interno com o fim de medidas emergenciais como o auxílio proposto pelo governo federal, com fim previsto para janeiro deste ano. Em contrapartida, especialistas da consultoria do Itaú BBA apontam que o setor continuará apostando nas exportações principalmente para o mercado chinês, com a recuperação dos preços em dólares, que vem ocorrendo há quatro meses.
De acordo com cotações da Scot Consultoria, na última terça-feira (5), os preços no mercado físico em Campo Grande alcançaram os R$ 255,00 por kg. Já na unidade de Dourados, o quilo alcançou os R$ 254,00, acompanhado por Três Lagoas, onde valor foi de R$ 246,50. Valores estes menores que os registrados nos últimos 30 dias, quando na Capital o quilo alcançou os R$ 257,00, em Dourados R$ 256,00 e em Três Lagoas R$ 248,00.
Alessandro Coelho, presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, destaca que as cotações reagiram entre o Natal e o Ano-Novo, alcançando a casa dos R$ 265 a arroba, contudo afirma que o início do ano foi marcado pelo retorno aos patamares anteriores, R$ 250 a arroba, e a expectativa é de que o mercado se mantenha assim, ou até mesmo alcance patamares mais baixos nos próximos meses. Para ele, com a queda esperada no consumo interno com o fim do auxílio emergencial, o preço ao consumidor tende a ficar mais baixo. Uma vez que as as indústrias e os atacadistas absorvam um pouco a diferença de valores, ela tende a refletir para o consumidor final.
“Para o produtor rural a expectativa é de que em janeiro o mercado se mantenha nesses patamares, R$ 250, mas a a partir de fevereiro, o mercado interno tende a dar uma retraída e estamos em duvidas se ele conseguirá se sustentar na faixa dos R$ 250. O auxilio emergencial termina em janeiro, e mesmo com o mercado interno aquecido em termos de carne bovina, a tendência é de uma retração ainda maior, algo que já foi acelerado por conta do carnaval que não acontecerá neste ano”, destacou.
Nas exportações, Alessandro aponta para um mercado aquecido, principalmente pela China, que se caracteriza pela busca de preços baixos, além disso, com a mudança política dos Estados Unidos e a possibilidade de uma maior aliança entre os dois países, a expectativa é de que a soja também seja influenciada, mesmo com a expectativa de bons resultados, que até mesmo provocaram um aumento nos custos de produção.
“O mercado chinês está extremadamente aquecido. Então, a tendência é de que eles acabem vindo para o mercado brasileiro e ofereçam, então, uma leve compensação com o esfriamento da demanda interna. Na questão do dólar, a gente ainda tem o problema da eleição americana, mas se confirmada a saída de Trump, os Estados Unidos deve fortalecer os laços com a China e os reflexos seriam até maiores na soja do que na carne bovina. Mesmo assim, a expectativa é de que a soja se mantenha muito forte em 2021 e os produtores já buscam alternativas de fontes de proteínas mais baratas para terminar o boi, se não, o preço inviabiliza a produção”, explicou.
Segundo o relatório da consultoria Agro do Itaú BBA, dezembro foi marcado pela freada na alta do boi gordo, que foi intensa ao longo do segundo semestre, somando quase 30%.
(Texto: Michelly Perez)
Veja também: Mercado financeiro prevê queda do IPCA de 4,38% para 4,37%