Setor movimenta 121 mil matrizes e conta com 282 produtores, com metas de carbono neutro até 2030
A adoção de biodigestores, que convertem dejetos suínos em energia elétrica, já está presente em mais da metade das propriedades em Mato Grosso do Sul. Número é um indicador do avanço da tecnologia no setor, que movimenta 121 mil matrizes e conta com 282 produtores. No entanto, o alto custo de implantação e a necessidade de adaptar a infraestrutura das fazendas ainda são desafios importantes a serem superados.
Com um plantel de 121 mil matrizes e 282 propriedades ativas, Mato Grosso do Sul se posiciona como um dos estados de maior relevância na suinocultura nacional. O uso de biodigestores para transformar os dejetos dos animais em energia elétrica está presente em 52% das propriedades, segundo informações fornecidas pela Asumas (Associação Sul-Mato-Grossense de Suinocultores) à reportagem do O Estado. “Analisamos o avanço de forma positiva e a implantação rápida nas propriedades onde a tecnologia é viável”, afirma Nilton Hillesheim, diretor da Asumas.
A tecnologia de biodigestores não apenas reduz o impacto ambiental ao transformar passivos ambientais em energia limpa, mas também ajuda a diversificar a matriz energética local e pode gerar novas fontes de receita para os produtores. No entanto, “o principal desafio é o alto valor de investimento na implantação da tecnologia”, destaca Hillesheim.
Incentivos para a sustentabilidade
A expansão do uso de biogás na suinocultura conta com o suporte da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), que desenvolve políticas públicas para incentivar práticas sustentáveis. A coordenadora de energias renováveis da secretaria, Mamiule de Siqueira, explica que o biogás é um dos itens contemplados pelo subprograma Leitão Vida, uma iniciativa que classifica os produtores conforme seu nível de adesão às práticas sustentáveis.
O programa possui três níveis de classificação: básico, intermediário e avançado. No nível intermediário, exige-se a instalação de um biodigestor anaeróbico com queima do biogás em chaminé (flare), enquanto o nível avançado requer o aproveitamento do biogás para gerar energia elétrica ou térmica. “A Semadesc apoia projetos de geração de biogás a partir de dejetos suínos, especialmente por meio do subprograma Leitão Vida, que incentiva os produtores a adotar práticas sustentáveis e eficientes”, pontua Mamiule.
Embora o estado já tenha avançado na implementação dessa tecnologia, há desafios estruturais a serem vencidos. Segundo a Semadesc, uma das principais barreiras é o volume de dejeto produzido, que em algumas unidades de crechário não é suficiente para viabilizar a instalação de biodigestores individuais. Como solução, a secretaria estuda a implantação de biodigestores centrais que possam atender mais de um produtor, considerando o raio de distância entre as granjas como um fator determinante para a viabilidade econômica do projeto.
Além dos benefícios diretos para os produtores, como redução de custos energéticos e geração de novas receitas com a venda de energia, a adoção do biogás contribui de forma estratégica para os objetivos ambientais do estado. A iniciativa está alinhada com as metas assumidas na COP 26, na qual Mato Grosso do Sul se comprometeu a se tornar um estado carbono neutro até 2030.
“A geração de biogás reduz a emissão de gases de efeito estufa para a atmosfera, promove a economia circular nas propriedades, gera energia renovável e local, produz biofertilizantes e permite a monetização dos subprodutos da atividade suinícola”, conclui a coordenadora.
Por Djeneffer Cordoba