Especialista explica que prever gastos sempre é solução para ter um alívio
O primeiro mês do ano é conhecido pela chegada de impostos como IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana), IPVA, (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), despesas escolares para aqueles que têm filhos – com matrícula e lista de materiais, além do pagamento anual do seguro, seja ele sobre automóvel, de vida ou de casa. Com isso, um dos desafios para iniciar bem o ano é se organizar financeiramente, para que em períodos de maior tensão financeira, como janeiro, a situação não se complique ainda mais.
Conforme pontua a especialista em economia comportamental, Andreia Saragoça, 45, é sabido que todos os anos é necessário fazer esses pagamentos. Por isso, o ideal seria que as pessoas utilizassem a chegada do 13º salário para organizar e prever os gastos de janeiro. “Quando o 13º foi pensado, era exatamente para isso, para atender despesas de final de ano. A gente tem despesas diferentes [no final do ano] com alimentação e de início de ano (…) Quando a gente faz uma programação, que eu chamo de ‘mapa orçamentário anual’, finaliza dezembro com o orçamento do ano seguinte pronto e aí já tem as previsões a gente acaba repetindo, aquilo que pagamos do ano anterior”, pontua.
No entanto, a especialista admite que não é isso que acontece, na prática. Pois, não à toa, as pessoas iniciam o ano endividadas, com o acúmulo de compras feitas em dezembro com alimentação, viagens e até mesmo vestuário. Mas, para aqueles que desejam se organizar ainda, é possível buscar alternativas. “Para quem não se organizou, que foi a maioria dos brasileiros, ainda dá tempo. Colocar, numa relação de receitas e despesas de janeiro, fevereiro e março, e verificar, por exemplo, o que sobrou. Principalmente IPVA e IPTU tem desconto de 20% e nenhum rendimento sobre os 20%. Então, é melhor pegar o dinheiro disponível e fazer o pagamento. O imposto é obrigatório, então a gente tem que pagar. As escolas estão dando a oportunidade do cartão de crédito e eu acho muito interessante, porque paga como se fosse à vista [para a escola] e divide em parcelas [para o consumidor]. Outra questão é lançar muitas compras em dezembro [no cartão] e gerar acúmulo. Por isso, precisa ser organizado”, argumenta a especialista.
Conforme dados do Instituto Locomotiva e MFM Tecnologia, em dezembro, oito em cada dez famílias brasileiras estavam endividadas e com um terço das contas em atraso.
O levantamento foi feito a partir do relatório “Raio-x dos Brasileiros em Situação de Inadimplência”, que apontou índices significativamente piores durante a pandemia da covid-19 e que seguem em ritmo de recuperação. Dentre os principais motivos para a bola de neve, 36% apontaram como culpado o planejamento financeiro, 34% o desemprego, 30% motivos de saúde, 16% empréstimos de terceiros, 11% atribuem as complicações por compras de alto valor, 10% por investimentos e 8% por falta de controle financeiro do cônjuge.
Planejamento
O economista Lucas Mikael explica que a chave para uma boa gestão financeira está no planejamento. Apesar de a maioria das pessoas entender a atividade financeira como cansativa e tediosa, ela se torna essencial para aqueles que querem organizar as finanças. “Não há uma abordagem única para isso; é crucial avaliar a sua situação financeira atual. Em vez de encarar o planejamento como uma tarefa monótona, é necessário pensar nela como uma ferramenta valiosa para alcançar seus objetivos financeiros e garantir estabilidade”, pontua o economista.
Saragoça finaliza, pontuando que não existe mágica quando o assunto são os gastos e organização financeira. “Não existe fórmula mágica. Dinheiro é finito, vontades são infinitas e a gente precisa verificar, como eu já falei, o custo-benefício das coisas”, finaliza.
Por Julisandy Ferreira
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