Isenção do IR: empresas temem impacto no lucro empresarial, mas projeto deve beneficiar mais de 200 mil em MS

Aguardando para análise do Senado projeto que isenta do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil - Foto: Reprodução
Aguardando para análise do Senado projeto que isenta do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil - Foto: Reprodução

Projeto de lei traz vantagens e desvantagens, conforme especialista tributário

Nesta semana, passou pela Câmara dos Deputados o projeto de lei que altera a legislação do imposto sobre a renda. Prevendo a isenção do IRPF (Imposto de Renda sobre Pessoa Física) para pessoas que ganham até R$ 5 mil. Se aprovado no Senado, a medida deve beneficiar mais de 200 mil contribuintes em Mato Grosso do Sul. Por outro lado, a Abrasca (Associação Brasileira das Empresas de Capital Aberto) defende prejuízos no lucro empresarial.

O projeto de lei traz vantagens e desvantagens, conforme explicou em entrevista ao jornal O Estado, o advogado especialista em Direito Tributário, Daniel Henriques. “A medida aumenta a progressividade no rodapé da distribuição de renda, alivia o orçamento de quem ganha menos e tende a fortalecer o consumo no curto prazo, apontado por economistas e entidades como efeito desejável de política pública, e isso é vantajoso”, reforça o especialista.

Porém, do lado das desvantagens, há custo fiscal que precisa ser compensado. “O próprio projeto desloca arrecadação para o topo, com um imposto mínimo na pessoa física de altas rendas e com a criação de retenção de 10% em lucros e dividendos quando uma mesma empresa paga a uma mesma pessoa física acima de cinquenta mil reais no mês”, exemplifica.

A proposta do governo pode tornar o Brasil um dos países com maior carga tributária sobre o capital no mundo, segundo a Abrasca. “Um estudo, encomendado pela associação, aponta que, com a mudança, a alíquota efetiva incidente sobre dividendos de multinacionais estrangeiras com operações no Brasil poderia variar entre 45% e 47%, patamar superior ao de qualquer outro país”, defende a Abrasca.

A economista Cristiane Mancini, frisou que por enquanto as discussões em torno do projeto são somente especulações. “Se for aprovado sim a carga tributária vai aumentar para as empresas, o que certamente vai impactar na contabilidade das mesmas, ou seja, diretamente no lucro empresarial. A confiança do empresário brasileiro já está sendo bem pessimista caso essa PL seja aprovada, o otimismo será extremamente impactado e repercute em contratações e investimentos”, analisa.

Quando passa a valer?

Passando pelo Senado e mesmo que seja sancionado pelo presidente ainda neste ano, a medida passa a valer a partir de 2026, “Com efeito na declaração de 2027. A isenção usa um redutor que zera o imposto até R$ 5.000 e decresce linearmente até R$ 7.350, aplicando-se ao 13º salário e ao ajuste anual”, detalhou o advogado Henriques.

Sobre o estudo que projeta carga tributária acima de 40%, Henriques pontua: “Essa metodologia agrega impostos de naturezas distintas e difere do padrão de comparação internacional, que separa a tributação corporativa da tributação do investidor. Segundo, a versão aprovada na Câmara introduziu um limitador explícito da soma empresa e acionista, o que reduz a probabilidade de picos acima dos tetos no conjunto da economia”, descreveu.

“Então, temos dois cenários para analisar o real impacto nos investimentos. Se o estímulo ao consumo for forte o suficiente para gerar um ciclo de crescimento que compense o maior custo de capital, o efeito líquido sobre o investimento pode ser positivo. Se o efeito sobre o custo de capital e a atratividade para o investidor for mais forte, o resultado pode ser uma retração. Assim, o impacto final na economia nesse quesito dependeria de qual desses efeitos prevaleceria”, conclui Henriques.

Por Suzi Jarde

 

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